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Castela-La Mancha anuncia nascimento de 90 linces na natureza em 2020

12.08.2020

Este ano nasceram nos campos de Castela-La Mancha 90 crias de lince-ibérico, em 29 ninhadas, revelou recentemente o governo regional.

 

Nas duas populações principais de lince-ibérico (Lynx pardinus) de Castela-La Mancha (Serra Morena Oriental e Montes de Toledo) nasceram este ano um total de 90 crias, segundo um comunicado do governo regional na passada sexta-feira.

De acordo com os resultados preliminares desta temporada reprodutora, nos Montes de Toledo foram identificadas 19 ninhadas e 60 crias e na Serra Morena Oriental 10 ninhadas e 30 crias. Estes números poderão aumentar porque ainda falta confirmar a reprodução de outras fêmeas na zona da Serra Morena.

 

 

A estas crias há que acrescentar as 10 com menos de um ano de idade, vindas dos centros de reprodução em cativeiro que ali foram libertadas em 2020: cinco na província de Toledo e cinco na de Ciudad Real.

Castela-La Mancha é uma das quatro regiões do planeta onde vive esta espécie Em Perigo de extinção, juntamente com o Vale do Guadiana (Mértola e Serpa), Andaluzia (Doñana-Aljarafe, Andújar-Cardeña, Guarrizas e Guadalmellato) e a Extremadura espanhola (Valle del Matachel).

Os números deste ano “são muito positivos e mostram que as políticas de conservação e recuperação das espécies ameaçadas pelo governo de Castela-La Mancha estão a dar grandes resultados”, comentou o vice-conselheiro para o Ambiente, Fernando Marchán.

“Estes bons resultados não são fruto do acaso, mas sim de uma planificação que tem como objectivo conservar uma espécie que esteve quase a extinguir-se.”

Actualmente, o lince-ibérico ocorre em 28 municípios entre Montes de Toledo e a Serra Morena Oriental, com zonas de presença estável e reprodutora. Estima-se que Castela-La Mancha tenha um terço do total de linces que habitam na Península Ibérica.

 

 

Quanto à mortalidade detectada na região, um total de cinco linces morreram este ano naquela região de Espanha, dois na província de Ciudad Real (um por atropelamento e um por causas naturais) e três na província de Toledo (um por afogamento num poço e dois por atropelamento).

“Estamos a trabalhar para reduzir as causas de mortalidade da espécie nos troços das vias de comunicação considerados de máximo risco para a fauna em geral e para o lince-ibérico em particular”, comentou Fernando Marchán. Está a ser colocada sinalização nas estradas e está a ser feita uma aposta nas passagens subterrâneas para a fauna, por exemplo.

“A sensibilização dirigida aos utentes destas vias e o respeito dos limites de velocidade é fundamental, já que os animais que estão em liberdade podem cruzar a estrada a qualquer momento”, acrescentou.

Em Portugal, no Vale do Guadiana, nasceram este ano 50 linces, num total de 15 ninhadas.

Em Maio, a Comissão Europeia aprovou o novo programa de financiamento para a conservação do lince-ibérico, o LIFE LynxConnect – Criando uma metapopulação de lince-ibérico (Lynx pardinus). Portugal é um dos 21 parceiros.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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