O governo da Cantábria, comunidade autónoma do Norte de Espanha, quer retirar o lobo-ibérico da lista das espécies cinegéticas. Esta é uma das principais medidas do Plano de Gestão para o lobo-ibérico que, dentro de semanas, segue para consulta pública.
A vontade de alterar o estatuto legal do lobo-ibérico (Canis lupus signatus) naquela região foi anunciada ontem no Parlamento regional quando Jesús Oria, conselheiro para o Meio Rural, Pescas e Alimentação, apresentou as propostas para o Plano de Gestão do lobo.
Mas ainda que esta espécie deixe de ser cinegética, as autoridades não põem de lado a realização de controlos populacionais, uma vez que a caça desportiva deixará de ser uma das medidas de controlo utilizadas, explica o governo, em comunicado.
Com o Plano de Gestão do lobo, que prevê 21 medidas, a Cantábria quer manter uma população viável da espécie, minimizar os conflitos com os criadores de gado, prevenir e condenar acções hostis e vingativas para com o lobo – em especial o uso de venenos – e sensibilizar as comunidades para “aumentar o conhecimento e a tolerância para com o lobo”.
O documento cria três tipos de zonas e cada uma terá um modelo de gestão diferente: uma onde esteja confirmada a presença de lobo e com poucas populações humanas; outra com forte criação de gado, mais humanizada e onde o lobo ocorra esporadicamente; e a terceira onde não está registada ocorrência de lobo e onde quase não há criação de gado.
De entre as 21 medidas previstas está o pagamento de indemnizações por danos causados por lobos, uma campanha de sensibilização junto das populações que durará três anos e a criação de uma comissão de acompanhamento do plano.
Nas próximas semanas, o documento é aberto a consulta pública.
Nos últimos meses, o lobo tem sido notícia em Espanha por causa da intenção anunciada pela Junta de Castela-Leão de abater quatro animais (dois em Salamanca e dois em Ávila) para controlo populacional e defesa das explorações de gado. Dois animais já foram abatidos. A organização WWF Espanha tem criticado a medida e respondeu com uma campanha de protesto, “Marca o território pelo lobo”. Esta já recolheu mais de 25.700 assinaturas.