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Bloqueada criação de santuário para baleias no Atlântico Sul

25.10.2016

O Japão e outros países a favor da caça à baleia bloquearam hoje uma proposta para criar um santuário para baleias no Atlântico Sul, durante a 66ª Conferência da Comissão Baleeira Internacional (IWC, sigla em inglês) a decorrer nesta semana na cidade costeira de Portoroz, na Eslovénia.

 

Há 15 anos que vários países tentam criar um santuário no Atlântico Sul para proteger baleias, como a baleia-jubarte, a baleia-comum, baleia-azul, baleia-sei, baleia-anã, baleia-franca, orca e cachalote. Nessa região do oceano, todo o tipo de caça à baleia seria proibido. Mas esta proposta nunca conseguiu ser aprovada.

Hoje o resultado não foi diferente. A votação terminou com 38 países a votarem a favor do santuário, 24 contra (como o Japão, Noruega e Islândia) e dois que se abstiveram. Mas a proposta – apresentada pela Argentina, Brasil, Gabão, África do Sul e Uruguai – foi bloqueada porque não conseguiu os 75% dos votos necessários.

“Este é um resultado extremamente decepcionante”, disse Matt Collis, coordenador da delegação da organização International Fund for Animal Welfare (IFAW) na conferência. “É decepcionante que as nações a favor da caça à baleia tenham bloqueado esta proposta, algo que se mantém há 15 anos”, acrescentou. Na sua opinião, o novo santuário iria beneficiar as comunidades costeiras, promovendo o turismo sustentável de observação de baleias e a investigação científica.

A conferência bianual, onde participam representantes de 80 Estados membros, começou nesta segunda-feira e termina na sexta-feira. É a primeira conferência da IWC desde que o Japão retomou a caça à baleia no Oceano Antártico, na época de 2015/2016.

Em cima da mesa estão questões como a quota nipónica de caça à baleia, alegando fins de investigação científica, a poluição dos oceanos e o seu impacto nas baleias, os arrojamentos, o papel das baleias nos oceanos e a redução das capturas acidentais de baleias e golfinhos nas redes de pesca.

A próxima conferência da IWC será em 2018 no Brasil.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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