“Em 2020 temos de dar provas de que queremos acabar com a guerra que a Humanidade tem lançado contra a natureza”, alertou esta tarde o secretário-geral da ONU na cerimónia oficial de abertura da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.
António Guterres aproveitou o arranque de Lisboa Capital Verde Europeia 2020 para lembrar os três desafios que, juntos, são a “batalha fundamental das nossas vidas”: perda de biodiversidade, degradação dos oceanos e alterações climáticas.
A guerra da Humanidade contra a natureza é “uma guerra suicida, porque a natureza responde e responde de uma forma devastadora, através de secas, incêndios”, por exemplo. A consequência é a destruição da “nossa possibilidade de viver no planeta”.
Mas, salientou António Guterres, este ano “temos três oportunidades, três momentos chave para interromper este ciclo”.
O primeiro é a Conferência das Partes (COP15) da Convenção para a Diversidade Biológica, marcada para Outubro na China. Neste momento, “um milhão de espécies está em risco de desaparecer no mundo”, lamentou o secretário-geral da ONU. “Muitas destas têm um papel decisivo para a saúde e economia. É preciso inverter este estado de coisas. Mas temos pouco tempo.”
O outro momento é a 2ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, a realizar em Lisboa em Junho. António Guterres defendeu a urgência em parar a degradação dos oceanos. “Nos oceanos travamos uma batalha que está a ser perdida em todas as frentes”. Os sinais são evidentes: degradação das zonas costeiras, expansão das zonas negras sem oxigénio, aumento da poluição por plásticos – hoje existe uma ilha de plásticos no Pacífico Ocidental maior do que a França – e a sobre-exploração pesqueira.
O terceiro momento da mudança é a Conferência das Partes (COP26) da Convenção da ONU para as Alterações Climáticas, a realizar em Glasgow em Novembro. “Este será um momento em que os países poderão comprometer-se com medidas concretas para não perdermos a batalha das alterações climáticas.”
Mais concretamente, o mundo terá a oportunidade de “transformar o Acordo de Paris em algo verdadeiramente real”.
Ainda assim, lamentou, “falta vontade política aos grandes emissores do mundo”.
“As emissões mundiais estão a aumentar” e, por todo o mundo, “multiplicam-se os incidentes, desde as catástrofes naturais ao branqueamento de corais, passando pelos sete milhões de pessoas que morrem por ano por causa da poluição. É absolutamente indispensável inverter este estado de coisas. 2020 é essencial.”
E há razões para um certo grau de optimismo. “Hoje sabemos o que fazer para conseguir um aumento da temperatura de 1,5ºC: atingir a neutralidade carbónica em 2050 e conseguir uma redução drástica das emissões em 2030”, acrescentou.
O secretário-geral da ONU defendeu a aposta nas tecnologias limpas, “que já existem e são competitivas”, um imposto sobre o carbono e o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis.
Além disso, acrescentou, “há hoje uma mobilização em todo o mundo que é esperançosa para mim”.
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