A salamandra-lusitânica, o tritão-palmado e a rã-de-focinho-pontiagudo são anfíbios de espécies ameaçadas em Portugal e que dependem, cada uma à sua maneira, de zonas húmidas, conta Rui Rebelo.
Na semana em que o mundo celebra as zonas húmidas, a Wilder mostra-lhe que espécies ameaçadas em Portugal mais dependem destes habitats. Desta vez, Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, fala-nos de anfíbios.
Todos os anfíbios que existem em Portugal necessitam de zonas de água doce para se reproduzir e em muitos casos para viver.
De um modo geral, cada espécie tem os seus requisitos particulares sobre o tipo de zona húmida preferido.
No caso das três espécies ameaçadas que ocorrem no Continente, o tipo de zona húmida que preferem não coincide com as imagens de zonas húmidas que são publicitadas no Dia Mundial das Zonas Húmidas – zonas extensas e permanentes.
A salamandra-lusitânica, por exemplo, vive associada a ribeiras e riachos de montanha, com água fria e bem oxigenada.
O tritão-palmado e a rã-de-focinho-pontiagudo (as restantes duas espécies) já se reproduzem em águas paradas – charcas e pequenas lagoas.
No caso da rã, as charcas preferidas são bem pequenas e muito pouco profundas – muitas vezes reproduz-se em prados alagados.
Já o tritão-palmado reproduz-se e vive durante pelo menos metade do ano em charcas maiores, que podem ter alguma água corrente.
Os três tipos de habitat preferidos pelas três espécies ameaçadas de anfíbios em Portugal têm em comum o facto de serem geralmente de pequena extensão e com características bem definidas; os habitats com características um pouco diferentes já não são usados pelas espécies.
Esta dependência de habitats pouco frequentes, relativamente pequenos e fáceis de destruir pelos humanos, contribui sem dúvida para o seu estatuto de ameaça.
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