Por causa do aumento das temperaturas, várias espécies de mosquitos estão a invadir a Antárctida e a ameaçar os seus frágeis ecossistemas, alerta um artigo publicado na revista científica Journal of Biogeography.
As condições extremas e o elevado grau de isolamento da Antárctida são fortes barreiras, físicas e geográficas, à chegada de novos organismos ao continente branco.
Mas o aquecimento global e a actividade humana na região estão a enfraquecer essas barreiras, permitindo a chegada de espécies invasoras.
Entre os invasores está o Eretmoptera murphyi, um “mosquito sem asas” que foi introduzido na base inglesa de Signy há cerca de 60 anos e que se tem vindo a adaptar ao meio antárctico. E está a colonizá-lo progressivamente.
Talvez se possa pensar que, devido ao pequeno tamanho deste mosquito, a sua introdução tenha pouco impacto no ecossistema antárctico. Mas o seu número está a crescer de ano para ano. Actualmente chega a densidades de centenas de milhar por metro quadrado na ilha de Signy, tornando-se numa máquina transformadora do meio, alertam, em comunicado, os investigadores da Universidade Complutense de Madrid, do Museu Nacional de Ciências Naturais MNCN-CSIC de Madrid e da Universidade Rey Juan Carlos.
Precisamente o seu tamanho torna muito difícil qualquer acção de erradicação, pelo que as medidas actuais de protecção ambiental se limitam a evitar a sua expansão a novos locais.
“O estudo da ecofisiologia do organismo permite-nos realizar modelos preditivos da sua possível expansão geográfica para estabelecer medidas de quarentena e prever futuros processos de invasão”, escrevem os investigadores no artigo publicado a 30 de Dezembro de 2019.
Com as alterações climáticas, “haverá uma maior facilidade no estabelecimento desta e de outras espécies não nativas que, se não forem travadas, prejudicarão gravemente a vida autóctone”, acrescentam.
Na próxima campanha Antárctida espanhola, uma equipa de investigadores vai deslocar-se à ilha Rei Jorge para estudar uma colaboração com o programa polar uruguaio, a fim de investigar a recente presença de outro mosquito invasor, o Trichocera maculipennis, que ameaça os frágeis ecossistemas terrestres antárcticos.
Actualmente existem áreas na Antárctida que estão a aquecer mais rapidamente do que qualquer outro local do planeta, à excepção do Ártico, segundo o Comité Científico para a Investigação Antártica (Scientific Committee on Antarctic Research – SCAR).
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