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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Afinal há cerca de 18.000 espécies de aves no planeta

12.12.2016

Um novo estudo publicado recentemente na revista científica PLOS ONE sugere que há 18.043 espécies de aves no planeta, quase o dobro do que se pensava até agora. Os investigadores dizem que chegou a altura de mudarmos a forma como contamos a biodiversidade.

 

Se há um grupo de espécies bem estudado, esse grupo é o das aves. Na verdade, mais de 95% da diversidade de espécies já estará descrita. A maioria das listas de espécies usadas por observadores de aves e por cientistas aponta para que existam no planeta entre 9.000 e 10.000 espécies. Mas esses números baseiam-se no chamado “conceito biológico de espécie”, que define uma espécie em termos de quais os animais que se podem reproduzir entre si.

Mas para George Barrowclough, um dos curadores do Departamento de Ornitologia do Museu americano de História Natural, esse é um “ponto de vista ultrapassado”.

Neste artigo, publicado a 23 de Novembro, os investigadores daquele museu e das universidades de Nebrasca e de Washington estudaram uma amostra aleatória de 200 espécies de aves, de uma lista de 9.159, com base na morfologia, ou seja, o estudo das características físicas, como o padrão e a cor das penas. Isto pode ser utilizado para identificar aves com histórias evolutivas separadas. Com este método foram encontradas mais espécies. Segundo os autores, este trabalho destaca a chamada diversidade “escondida”, ou seja, as aves que parecem semelhantes ou que se pensavam reproduzir-se entre si mas que, na verdade, são espécies diferentes.

Os investigadores também avaliaram os estudos genéticos existentes sobre as aves e concluíram que o número de espécies poderá ultrapassar as 20.000. Mas como nesta área de trabalho as aves não foram escolhidas aleatoriamente – sendo escolhidas porque já se pensava terem uma variação genética interessante – este número poderá estar sobrestimado. Por isso, os autores do estudo defendem que no futuro, os trabalhos de taxonomia em ornitologia deveriam basear-se em ambos os métodos.

“Não era nossa intenção propor novos nomes para cada uma das mais de 600 novas espécies que identificámos nesta amostra”, comentou Joel Cracraft, um dos autores do estudo e curador naquele museu. “Contudo, o nosso estudo levanta o véu sobre o que a taxonomia do futuro deveria incluir.”

Estes resultados podem ter implicações para os esforços de conservação. “Decidimos que o alvo da conservação é a espécie”, comentou Robert Zink, co-autor do estudo e biólogo da Universidade do Nebrasca. “Por isso, precisamos ser muito claros sobre o que é uma espécie, quantas existem e onde as podemos encontrar.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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