O leitor Diogo Tavares fotografou uma serpente enquanto percorria o trilho do Morto que Matou o Vivo, a 23 de Fevereiro, e pediu ajuda para saber a espécie. Luís Ceríaco responde.
O caminho do Morto que Matou o Vivo – que na Wilder já foi sugestão de passeio de Primavera – fica entre as aldeias da Pena e de Cova do Monte, na Serra da Arada, zona de São Pedro do Sul.
Quanto à espécie fotografada, trata-se sem dúvida de uma víbora-cornuda (Vipera latastei).
Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
O exemplar fotografado por Diogo Tavares é um “belo bicho”, considerou também o investigador.
A víbora-cornuda é uma das duas espécies de serpentes venenosas que ocorrem em Portugal, juntamente com a víbora-de-Seoane. É normalmente tímida e pouco observada e é muito raro atacar: só se for pisada ou se se sentir ameaçada. Mas nesse caso, é importante procurar-se de imediato tratamento médico.
Esta víbora atinge no máximo 70 cm de comprimento. A cabeça tem uma forma triangular, diferente do resto do corpo, e o focinho proeminente faz justiça ao nome “víbora-cornuda”. Na parte superior da cabeça, surgem duas manchas escuras em forma de “V” invertido. O dorso costuma ter coloração acastanhada ou acinzentada, com uma banda escura que costuma formar um ziguezague.
Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis (2008), em Portugal a espécie “encontra-se em todo o território constituindo populações dispersas e fragmentadas, de uma forma geral restritas às zonas montanhosas”.
Em território nacional – tal como a nível global – é considerada Vulnerável à extinção. Está ameaçada pela perda de habitat, pelos atropelamentos em estradas e pela perseguição directa, que acontece por aversão ou para ser vendida a coleccionadores, ou ainda para o fabrico de amuletos.
É possível observar-se também a víbora-cornuda por quase todo o território espanhol, mas igualmente de forma fragmentada, e ainda no Norte de África.
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