A leitora Maria João Figueiredo pediu ajuda na identificação deste sapo que fotografou em Penamacor a 21 de Maio. Rui Rebelo responde.
“Gostaria de saber que espécie de sapo é esta que encontrei na minha quinta em Penamacor. Ele sobrevive sem água? Devo garantir alguma estrutura (tipo charco) para ter sempre há água disponível? No ano passado foi o primeiro ano em que os poços secaram na quinta. Embora não tenha conhecimento, julgo que se perdeu muita biodiversidade nesse ano uma vez que se ouvia muito barulho dos animais e atualmente já não”, escreveu a leitora à Wilder.
Trata-se de um sapo-corredor (Epidalea calamita, mas já teve o nome Bufo calamita).
Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Este animal é um sapo-corredor, Epidalea calamita (antigamente Bufo calamita). É um adulto e muito fácil de identificar porque é a única espécie que tem a íris assim tão verde.
E este sapo, tal como quase todos os outros, não precisa de água “livre”. Sobrevive perfeitamente enterrando-se em solos que mantenham alguma humidade, mesmo que em profundidade, e por isso não é preciso garantir uma estrutura com água permanente. Só precisa de água para se reproduzir. Como vive muitos anos, se num ano de seca não se reproduzir não há problema, mas claro que passa a haver problema quando há muitos anos de seca consecutivos.
A principal característica deste sapo é correr! (daí o nome). É uma espécie relativamente abundante em zonas arenosas ou de solos soltos, como quase todos os terrenos aluviais da bacia do Tejo.
Esta espécie tem girinos muito pequenos e “aposta” em produzir um número enorme de ovos (até 4.000), que se desenvolvem depressa. Os girinos metamorfoseiam-se em 2 meses (ou ainda menos), passando para terra como sapinhos muito pequenos (menos de 1 cm de comprimento).
O que acontece a seguir com estes sapinhos (que podem ser confundidos com aranhas ou pequenos insectos) até chegarem a adultos é totalmente desconhecido. Nomeadamente se são, ou não, sensíveis a poluentes.
É uma espécie nativa e presente em praticamente todo o território continental.
Em Portugal esta espécie não está ameaçada, mas no norte da Europa está e até há programas de conservação específicos para ela em Inglaterra.
Agora é a sua vez.
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