A leitora Ariana Costa fotografou este animal na zona da Serra da Gardunha a 23 de Junho e pediu para saber a espécie. Rui Rebelo responde.
“A 23 de Junho encontrei este tritão no exterior de minha casa perto da zona da Serra da Gardunha. Alertaram-me por ser venenoso, não deveria pegar. Desde criança que o faço, há perigo? Apenas lhe peguei para o mudar de sítio, estava prestes a ser atacado pelo meu cão. E este, sendo jovem, já não deveria ter entrado na fase de reprodução, evoluindo para a crista?”, perguntou a leitora à Wilder.
Trata-se de um tritão-marmoreado (Triturus marmoratus).
Espécie identificada e texto por: Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Sim, é um tritão marmoreado, Triturus marmoratus. As dimensões são já as de um adulto, e a leitora tem razão – com este tamanho e nesta altura do ano deveria estar já com a “pele de primavera”, adaptada à vida aquática.
O exemplar está com a “pele terrestre”; nesta fase os machos podem não ter qualquer vestígio da crista e por isso ficam semelhantes às fêmeas. Também está relativamente magro. Talvez já se tenha reproduzido e voltado para terra, ou talvez não se tenha reproduzido nesta primavera.
Quanto à questão de ser venenoso, de facto, a pele destes animais tem algumas secreções que são tóxicas para quem as come (especialmente quando o tritão está na fase aquática). Ou seja, é uma defesa contra predadores, e alguns cães que os atacam e comem podem vomitar logo de seguida (mas só vomitam; não há mais efeitos).
Mesmo assim estas secreções são pouco tóxicas, e não há problema se o exemplar for agarrado com mãos nuas. Por precaução, sempre que o faço passo depois as mãos por água. Isto porque mais tarde ou mais cedo podemos depois levar as mãos à boca ou aos olhos, e causar alguma irritação (ou vómito!).
Agora é a sua vez.
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