Este sábado, 24 de Novembro, o primeiro Big Day organizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) convida à observação e registo de aves por todo o país. A Wilder falou com o director-executivo, Domingos Leitão, e sugere-lhe espécies que pode observar nesta época do ano tão especial.
O desafio começa à meia-noite, na passagem desta sexta-feira para sábado, e termina 24 horas depois. Os registos das observações de aves feitas nesse período podem ser inscritos no PortugalAves/eBird até às 9h00 de domingo.
Objectivo? Ver o maior número possível de espécies diferentes num só dia, tal como em todos os Big Days dedicados à observação de aves que se fazem em diferentes alturas do ano, um pouco por todo o mundo.
Neste caso, a data escolhida está ligada ao aniversário da SPEA, que celebra 25 anos de existência este domingo, mas a verdade é que se trata de uma época muito interessante para os observadores de aves, nota Domingos Leitão. “Estamos numa altura de transição entre o período das migrações de Outono e o Inverno, em que neste momento temos as aves invernantes a chegarem aos locais onde vão passar os meses mais frios”, explicou à Wilder.
À semelhança do entusiasmo que despertam os primeiros cucos ou os primeiros abelharucos na Primavera, muitas das aves que estão agora a chegar a Portugal, vindas do Norte da Europa, são sinais importantes do começo do Inverno.
“Já chegaram os primeiros grous ao Alentejo, também está na altura dos tartaranhões-cinzentos, das corujas-do-nabal e dos gansos, tal como das tarambolas-douradas. São aves que só chegam agora e estão muito associadas ao frio e ao pico do Inverno.”
Muitas destas espécies nidificam nos territórios do Alto Ártico, em ambientes de taiga e de tundra, e vêm para Portugal para fugir ao frio rigoroso que se faz sentir nessas paragens nesta época do ano.
Outras sugestões do que procurar neste Big Day e durante os próximos meses? “Podemos encontrar agora muitos gansos no Estuário do Tejo, e alguns também no Sado e na Ria de Aveiro.”
Já para quem estiver pelo Alentejo, por exemplo, os grous são uma espécie a procurar, em áreas de invernada como Campo Maior, Évora, Moura, Mourão e Campo Branco.
Mas há também espécies que apenas nos últimos anos se percebeu que são comuns em Portugal nesta época mais fria – muito graças ao aumento do número de observadores de aves no país e à maior facilidade da consulta dos registos feitos através do portal eBird.
Domingos Leitão destaca a petinha-marítima, “que hoje se sabe que ocorre por toda a costa portuguesa e é uma invernante regular, mas há pouco tempo pensava-se que era uma espécie acidental”.
Outras duas espécies na mesma situação, ambas migradoras que chegam dos territórios de alta montanha: a ferreirinha-alpina e o melro-de-colar, sugere.
A ferreirinha-alpina, por exemplo, nidifica acima dos 2.000 metros em regiões como os Picos da Europa e os Pirinéus, mas nos meses mais frios pode ser observada na zona de Marvão. “A rocha de Marvão, onde fica o castelo, é uma zona regular de invernada que costuma abrigar por esta altura cerca de 30 ou 40 aves desta espécie.” Pode também ser vista no Forte do Beliche, em Sagres, e ainda nas zonas do Cabo da Roca e do Cabo Espichel.
Para quem preferir ir à procura de espécies acidentais, que só de vez em quando chegam a Portugal, como os gansos-de-faces-brancas – “estão agora três no Estuário do Tejo” – ou os abetouros-americanos, pode procurar informação no portal Portugal Aves/eBird, lembra Domingos Leitão.
Os resultados deste primeiro Big Day organizado pela SPEA vão ser conhecidos da tarde de domingo, dia 25, durante a celebração do aniversário.
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