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Foto: Pixabay

Cinco maravilhas da vida selvagem para apreciar em Janeiro

02.01.2019

É incrível a quantidade de coisas a acontecer no mundo natural, ao longo de todo o ano. Para Janeiro compilámos cinco maravilhas para deliciar qualquer apaixonado pela vida selvagem.

 

1. Cabra-montês

A descida das montanhas

 

Cabra-montês. Foto: Arturo de Frias Marques/Wiki Common

 

No Inverno, as cabras-monteses (Capra pyrenaica) descem dos cumes das serras, escapando à neve e ao frio. Procure-as na serra do Gerês e na serra Amarela, tendo sempre presente que esta é uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Na verdade, esta espécie extinguiu-se em Portugal no século XX até que, em 1999, foram avistadas cabras nas serras Amarela e do Gerês, animais que terão fugido dos cercados instalados na serra do Xurês, no âmbito de um projecto de reintrodução da espécie.

Saiba mais: descubra aqui mais informação sobre o estatuto de ameaça da cabra-montês.

 

2. Águia-pesqueira

Pescadora exímia

 

Foto: NASA/Wiki Commons

 

Para algumas aves é imperativo migrar para regiões com Invernos mais amenos e com boa disponibilidade de alimento. É o que acontece com a águia-pesqueira (Pandion haliaetus). Dados do último censo à população invernante desta ave, um projecto de ciência cidadã iniciado por um grupo de cidadãos, mostram que entre 155 a 184 águias-pesqueiras passam o Inverno em Portugal. Para as ver dirija-se à Ria de Aveiro, Bacia do Tejo, Estuário do Sado ou Ria Formosa. Conseguir observá-las a pescar carpas, tainhas, robalos e sargos será um bónus. É que estas aves são exímias pescadoras. Pairam sobre a água e, quando detectam um peixe, mergulham primeiro as patas para apanhar a presa. Na verdade, carregar as presas – por vezes peixes grandes, escorregadios e ainda a debater-se – é uma arte que tem sido aperfeiçoada por estas águias. As presas são levadas de uma forma específica para ser mais aerodinâmica, segundo um estudo do norte-americano Cornell Ornithology Lab’s Birds.

Participe: no dia 12 de Janeiro ajude a fazer o 4º censo à população invernante de águia-pesqueira. Saiba como aqui como o poderá fazer.

 

3. Abutre-preto

O amor está no ar

 

Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

 

Esta é uma altura muito importante para os abutres-pretos (Aegypius monachus) em Portugal. A maior ave de rapina da Europa, e espécie Criticamente Em Perigo, está a começar a sua época de reprodução, em três regiões do país: Tejo Internacional, Baixo Alentejo e Douro Internacional. As crias nascem a partir de Abril e começam a voar entre Agosto e Setembro. Uma das 10 crias que nasceram em 2018, o Murtigão, foi avistado no final de Novembro no campo de alimentação para aves necrófagas perto do local onde nasceu, na Herdade da Contenda. Esta foi uma excelente notícia, já que pouco se sabe ainda sobre as viagens destas grandiosas aves. Murtigão foi marcado com um emissor GPS pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) no Verão passado.

As melhores dicas: Eduardo Santos, da LPN, e Gonçalo Elias, do portal Aves de Portugal, dão-lhe as dicas que o vão ajudar a observar abutres-pretos. Leia tudo aqui.

 

4. Percevejo-do-fogo

A força está na união

 

Foto: Wilder/arquivo

 

Os pequenos percevejos-do-fogo (Pyrrhocoris apterus), de cor vermelha e preta, são uma espécie comum em Portugal e não terá dificuldade em encontrá-los durante todo o ano. Nesta altura de temperaturas mais baixas pode vê-los a hibernar em grupos de várias dezenas de indivíduos, especialmente em fissuras nos troncos de árvores. Na Primavera e Verão é geralmente observado em locais solarengos.

Saiba mais: recorde aqui o percevejo-do-fogo que a leitora Andreia Aguiar encontrou em Viseu e que o entomólogo Albano Soares identificou. 

 

5. Capuz-de-frade

Campos púrpura

 

Candeia. Foto: Helena Geraldes

 

Esta é a altura perfeita para sair para o campo e procurar estas belas plantas, conhecidas como capuzes-de-frade ou candeias (Arisarum simorrhinum). É uma das espécies que está em floração nesta altura do ano, segundo o portal de botânica Flora-On. Segundo este portal, é uma espécie autóctone que cresce em clareiras, terrenos cultivados, bermas e orlas de matos e bosques.

Saiba mais: descubra aqui outras espécies que estão em flor em Janeiro.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Que outras maravilhas do mundo natural gosta de apreciar nesta época do ano? Conte-nos tudo e ajude a inspirar esta comunidade de naturalistas. Envie as suas sugestões para o nosso email [email protected].

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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