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Percurso pedestre da Quinta do Lago.

Sugestão de férias: Passeios ligados à Via Algarviana e na Quinta do Lago

21.08.2015

O Algarve é a zona do país mais procurada pelos portugueses na altura do Verão. As águas de mar são calmas e de temperatura agradável, mas vale a pena conhecer melhor também o património natural e histórico da região. Estas sugestões de passeio vêm da Almargem-Associação de Defesa do Património Cultural e Natural do Algarve.

 

Por ser uma altura em que a serra e o barrocal algarvios estão mais quentes e secos, a associação algarvia propõe alguns percursos pedestres no litoral ou então em Monchique. Ainda assim, aconselham a escolha de dias mais frescos ou nublados e começar a caminhada bem cedo, sem esquecer o protector solar.

Percurso pedestre de São Lourenço

Num passeio nocturno pelo percurso da Quinta do Lago, é possível encontrar ouriços-cacheiros.
Num passeio nocturno pelo percurso da Quinta do Lago, é possível encontrar ouriços-cacheiros.

 

Onde fica: Quinta do Lago, Almancil 

Como chegar: Vindo de Portimão ou de Faro, quando se chega a Almancil pela EN125, virar na placa que indica Quinta do Lago. O início e final deste percurso ficam na frente da ponte de madeira que atravessa a Ria Formosa, ligando a Quinta do Lago à Península do Ancão.

O que ver: Este percurso tem três quilómetros (ida e volta) e a duração de 1h30 a duas horas, passando por ambientes de sapal, de mata e lagoa de água doce, indica o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

No observatório de aves com vista para o lago artificial, podem observar-se muitas espécies de aves, como a galinha d´água (Gallinula chloropus), galeirões (Fulica atra), patos-reais (Anas platyrhynchos), a marrequinha (Anas crecca) e o camão ou galinha sultana (Porphyrio porphyrio), símbolo do Parque Natural da Ria Formosa.

Segundo a associação Almargem, fazendo o percurso à noite pode-se ainda ser surpreendido por ouriços-cacheiros (na foto, em cima), sapos e noitibós.

Alguns tanques de salga da época romana, que serviam para salgar peixe e produzir garum, um condimento da época, marcam o final do percurso. Quando aqui se chega, há que regressar ao ponto de partida.

 

Percurso pedestres “A Rocha Delicada” e “Ao Sabor da Maré”

Uma parte da paisagem que se pode observar no percurso "A Rocha Delicada".
Uma parte da paisagem que se pode observar no percurso “A Rocha Delicada”.

 

Onde ficam: Os dois percursos circulares, complementares à Via Algarviana, ficam no concelho de Portimão, junto à Ria de Alvor. “A Rocha Delicada” situa-se na freguesia de Mexilhoeira Grande. “Ao Sabor da Maré” fica na freguesia de Alvor.

Como chegar: Para percorrer o trilho d’”A Rocha Delicada”, siga pela EN125, na direcção de Portimão rumo à Mexilhoeira Grande, parando na estação de comboios. É aqui que o percurso tem início e também termina.

A EN125 também conduz ao trilho “Ao Sabor da Maré”. Nesse caso, o mais indicado é seguir em direcção a Alvor, atravessando a localidade até à praia do mesmo nome. Antes de aí chegar, encontra-se o porto de pesca, em cujo parque de estacionamento começa o passeio.

 

O que ver no percurso “A Rocha Delicada”:

“A Rocha Delicada” estende-se por 7,5 quilómetros e dura cerca de duas horas. O passeio faz-se pela zona da Quinta da Rocha, junto à Ria de Alvor, o estuário mais importante do Barlavento algarvio.

Aqui, o Guia da Via Algarviana refere que se podem observar dezenas de espécies de aves, nas alturas de migração entre África e a Europa. Na Primavera e Verão destaca-se o pernilongo (Himantopus himantopus), que aqui nidifica. No Inverno, vêem-se o perna-vermelha (Tringa totanus), o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula), o ostraceiro (Haematopus ostralegus) e o flamingo (Phoenicopterus ruber). Outra espécie que aqui ocorre é a águia-pesqueira (Pandion halietus).

Este local serve também de maternidade a muitas espécies de peixes e moluscos, como o choco. Entre os anfíbios, ocorrem o sapo-corredor (Epidalea calamita), a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e o tritão-marmorado (Tritarus marmoratus).

 

O que ver no percurso “Ao sabor da maré”:

Menor do que o anterior, tem 4,7 quilómetros e demora cerca de 1h30 para ser completado. Este percurso atravessa uma zona de dunas, onde se encontram plantas típicas destes ambientes como o cardo-marítimo (Erygium maritimum) ou o narciso-das-areias (Pancratium maritimum).

Nas dunas, nidificam a chilreta (Sternula albifrons) e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus). Aqui, vêem-se também falcões-peneireiros (Falco tinnunculus), cotovias-de-poupa (Galerida cristata) e a minúscula fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis), com o seu piar bem ritmado. Os sardões (Timon lepidus) e as raposas (Vulpes vulpes) são outros habitantes destas dunas.

Chegando ao sapal, pode-se procurar pelas garças-brancas (Egretta garzetta) ou pelo pilrito-de-peito-preto (Calidris alpina), entre outras aves destas zonas húmidas. Já no estuário, abrigam-se muitas espécies de aves (como a andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons), no Inverno). Com sorte e procurando bem, nas margens do estuário, pode encontrar pegadas e outros vestígios de lontras (Lutra lutra).

 

Trilho dos Moinhos e Trilho da Fóia, Serra de Monchique

O Trilho dos Moinhos estende-se por cerca de 10 kms, junto à vila de Monchique.

 

Como chegar: Os dois trilhos situam-se no concelho de Monchique, em plena serra algarvia. Para chegar a Monchique, sai-se da EN125 pela EN266, em direcção à localidade. Para a Fóia, segue-se mais um pouco, pela EN266-3.

 

O que ver no Trilho dos Moinhos:

Este percurso começa no Largo dos Chorões, no centro da vila de Monchique. É algo difícil e estende-se por pouco mais de 10 quilómetros, com uma duração de cerca de três horas, refere o Guia da Via Algarviana.

Quem percorrer o trilho vai poder apreciar algum do património histórico da região, como vários moinhos, incluindo o Moinho do Poucochinho, e as ruínas do antigo Convento de Nossa Senhora do Desterro.

Quanto ao património natural, além das paisagens e da flora típica da serra, é possível encontrar alguns cursos de água, como a Ribeira de Seixe e o seu afluente Barranco dos Pisões.

Monchique possui ainda várias árvores monumentais, algumas das quais se podem encontrar ao longo do percurso. Num pequeno terraço do Parque Municipal da vila, está a araucária da Quinta da Vila, uma araucária-de-norfolk (Araucaria heterophylla) com 36,5 metros de altura.

Junto ao Barranco dos Pisões, encontra-se um plátano (Platanus orientalis) classificado, com 150 anos e 41 metros de altura.

 

O que ver no Trilho da Fóia:

O trilho inicia-se na localidade da Fóia. Com a duração de cerca de duas horas para percorrer 6,5 quilómetros, apresenta alguma dificuldade, mas compensada pelas paisagens e pelas espécies que se podem observar ao longo do caminho pela serra de Monchique, parte da Rede Natura 2000.

Rosmaninho (Lavandula luisiera), urze (Erica spp.), esteva (Cistus ladonifer), medronheiros (Arbutus unedo), mas também a rosa-albardeira (Paeonia broteori) e a adelfeira (Rhododendron ponticum), espécie endémica da Península Ibérica ameaçada de extinção, ocorrem nestas encostas. Pelos socalcos ao longo do caminho, podem ver-se também árvores de pomar como as laranjeiras, cerejeiras ou pessegueiros.

 

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Para saber mais:

Pode consultar toda a informação no Guia da Via Algarviana, disponível também para ‘download’.

Existem 12 novos percursos pedestres circulares complementares à Via Algarviana, quatro dos quais aqui propostos pela Almargem para serem conhecidos nesta altura do ano (nos concelhos de Portimão e Monchique). Quanto aos restantes, os responsáveis da associação aconselham a visita na Primavera, “quando o campo está repleto de cores e os cursos de água ajudam a refrescar”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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