Quando estiver na praia ou num passeio de barco pelo mar, estas são as espécies de cetáceos a procurar. A investigadora Catarina Eira ajuda-o a tornar-se um perito nos golfinhos, baleias, botos e grampos do mar português.
“A biodiversidade de cetáceos nas águas de Portugal Continental é bastante elevada”, descreve Catarina Eira, investigadora da Universidade de Aveiro e coordenadora do projecto LIFE+ MarPro (2011-2017).
Das cerca de 90 espécies conhecidas no mundo, 28 encontram-se em águas continentais portuguesas. Destas, cinco foram identificadas pela primeira vez pelo LIFE+ MarPro.
Com a ajuda da investigadora e de um guia ilustrado publicado pelo LIFE+ MarPro, fique a conhecer sete espécies que pode ver se estiver numa praia ou a partir de uma embarcação. Neste último caso, alerta Catarina Eira, opte “apenas por profissionais certificados apropriados para estas actividades”.
1.Golfinho-comum (Delphinus delphis):
Como se distingue: estes golfinhos têm uma coloração negra no dorso formando uma zona triangular invertida ao nível da barbatana dorsal. Nos flancos têm uma mancha amarela ou castanho-claro até metade do corpo. São esguios e têm o bico proeminente.
Tamanho e peso: Quando adultos, os machos são ligeiramente maiores do que as fêmeas podendo medir até 2,3 m de comprimento e pesar mais de 100 kg.
Onde ocorre: sendo o cetáceo mais abundante na costa portuguesa, pode observar-se de Norte a Sul, tanto em zonas próximas da costa como no alto mar.
Curiosidades: é um animal muito gregário, pelo que é possível encontrar grupos com várias centenas de golfinhos-comuns. Pensa-se que pode viver até aos 30 anos.
2. Golfinho-roaz (Tursiops truncatus):
Como se distingue: estes golfinhos têm uma coloração predominantemente cinzenta, com o dorso ligeiramente mais escuro. Os roazes oceânicos são animais maiores, com uma coloração mais escura e com barbatanas peitorais mais pequenas, e os roazes costeiros são animais de menores dimensões.
Tamanho e peso: São animais de aspecto robusto e que podem chegar aos 3,8 metros.
Onde ocorre: O roaz é outro dos golfinhos mais fáceis de observar a partir da costa. Em Portugal, além da população residente no Estuário do Sado, é frequente observá-los na zona das Berlengas e no canhão da Nazaré, estando distribuídos por toda a costa portuguesa.
Curiosidades: Estima-se que podem viver entre 30 e 40 anos. Por vezes mergulha a mais de 100 metros de profundidade para se alimentar.
3. Bôto (Phocoena phocoena):
Como se distingue: A coloração do bôto pode ser variável mas normalmente é cinzento escuro no dorso, clareando até à zona ventral que é branca. Tem um focinho curto sem bico perceptível e as barbatanas escuras.
Tamanho e peso: tem um corpo pequeno mas robusto, com cerca de dois metros de comprimento e 80 quilos de peso.
Onde ocorre: Ocorre nas áreas mais próximas da costa, sempre com profundidades inferiores a 200 metros, em estuários e baías. Pode ver-se de Norte a Sul, mas é mais frequente entre o Porto e a Nazaré e na zona da Arrábida e Costa da Galé, além da costa algarvia (entre Sagres e Albufeira).
Curiosidades: É o cetáceo mais pequeno da costa portuguesa e um dos mais ameaçados, pois é muitas vezes apanhado por redes de pesca. É bastante tímido, pelo que não é muito fácil de observar.
4. Golfinho-riscado (Spennella coeruleoalba):
Como se distingue: são animais esguios e com bico proeminente. Têm uma coloração escura no dorso e bastante clara no ventre que pode variar desde branco a rosa claro, bem como uma risca escura desde o olho até à região anal e outra mais pequena que vai desde o olho até à barbatana peitoral.
Tamanho e peso: Os adultos medem cerca de 2,5 m e podem pesar até 150 kg, sendo os machos ligeiramente maiores que as fêmeas.
Onde ocorre: É mais provável encontrar o golfinho-riscado a partir de uma embarcação, uma vez que em Portugal esta espécie costuma habitar na zona próxima do talude da plataforma continental ou em áreas próximas dos 1000 metros de profundidade.
Curiosidades: Podem viver cerca de 30 anos. Quando estão à procura de alimento podem mergulhar a profundidades que vão de 200 a 700 metros.
5. Baleia-piloto (Globicephala melas):
Como se distingue: A sua cabeça é proeminente e bulbosa e tem um bico muito curto, quase imperceptível. É de cor cinza-escura, quase negra, com uma zona ligeiramente mais clara atrás da barbatana dorsal.
Tamanho e peso: os machos podem atingir os 6 metros de comprimento e as fêmeas apenas 5 metros
Onde ocorre: Em Portugal esta baleia é mais vista na zona Norte, na margem da plataforma continental, pelo que será mais fácil de avistar a partir de uma embarcação, mas pode aproximar-se da costa se estiver a perseguir uma presa. Gosta muito de comer lulas, por exemplo.
Curiosidades: No Atlântico Norte, a época de reprodução acontece entre Abril e Setembro. Pensa-se que pode viver até aos 25 anos.
6. Grampo (Grampus griseus):
Como se distingue: Os grampos têm um corpo robusto. De cor cinzenta e com uma mancha branca no ventre, os mais velhos têm várias cicatrizes que lhes dão uma aparência “riscada” (como na imagem acima). Quando nascem, são acinzentados e têm a cabeça cor de canela escura.
Tamanho e peso: medem entre três e quatro metros e podem pesar mais de 400 quilos.
Onde ocorre: Em Portugal, podem ver-se ao longo de toda a plataforma continental.
Curiosidades: São animais gregários, que se juntam em grupos de cerca de 12, e estima-se que vivem à volta de 25 anos.
7. Baleia-anã (Balaenoptera acurostrata):
Como se distingue: têm corpo alongado e cabeça pontiaguda. São de cor cinzento-escura na zona dorsal e branca na zona ventral e parte dos flancos. As barbatanas peitorais apresentam uma mancha branca característica.
Tamanho e peso: Os adultos chegam aos 10 metros de comprimento. As crias nascem com cerca de 3 metros e 300 quilos de peso.
Onde ocorre: Em Portugal, a baleia-anã pode ser avistada ao longo do ano, relativamente próxima da costa, em zonas com profundidades inferiores a 200 metros.
Curiosidades: São quase sempre animais solitários, mas podem juntar-se em grupos de dois ou três, e podem ver-se em diferentes habitats, desde zonas costeiras a áreas no oceano. As baleias-anãs costumam ser curiosas e podem aproximar-se das embarcações.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Se quiser observar estes e outros cetáceos a partir de uma embarcação, há determinadas regras que se devem ter em conta para não perturbar os animais observados, avisa Catarina Eira:
“Antes de tudo, optar sempre por profissionais certificados. Deve ter cuidado para que a localização da embarcação não impeça as interacções sociais e a comunicação dos animais entre si ou a alimentação de crias, entre outras actividades. Além disso, quando há um avistamento a partir da embarcação, não se deve perseguir activamente o animal, nunca deve haver tentativas de alimentação ou de ‘nadar com os golfinhos’.”