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Foto: Pixabay

“Peixe em Lisboa” mostra projectos de conservação da natureza marinha

12.04.2018

Conservar os peixes migradores do rio Vouga, como a lampreia e o sável, e evitar comprar peixe de populações marinhas já sobre-exploradas são duas mensagens naturalistas da 11ª edição do “Peixe em Lisboa”.

 

Continuar a consumir peixe e ao mesmo tempo conservar inúmeras espécies é um desafio que está a ser reforçado nesta edição do “Peixe em Lisboa”, a decorrer de 5 a 15 de abril, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.

Hoje, o projecto LIFE Águeda, em conjunto com a Universidade de Évora e a DOCAPESCA, promoveu a lampreia e o sável, duas espécies de peixes migradores que estão no centro de um projecto de conservação. Este está a reabilitar o habitat dos peixes migradores na bacia do rio Vouga, – incluindo aquelas duas espécies – e da vegetação nas margens dos rios e a promover a gestão sustentável e a valorização económica da pesca.

Para isso, hoje, no Dia de Aveiro e da Figueira da Foz, fora apresentadas várias receitas com lampreia e sável, para facilitar o consumo destas espécies.

O LIFE Águeda, com coordenação e supervisão técnico científica da Universidade de Évora, tem uma duração de cinco anos e tem como objetivo principal a mitigação de obstáculos que estejam a limitar o habitat disponível para os peixes migradores no rio Águeda e melhoria da sua qualidade.

Nesta sexta-feira, dia 13 de Abril, a mensagem conservacionista é retomada pelas mãos da ANP/WWF. Esta associação vai lançar a segunda fase do projeto “Fish Forward – por um consumo sustentável de peixe e marisco e um futuro para os oceanos”.

A associação instalou uma réplica de um barco de pesca em pequena escala com três recomendações para o consumo de pescado: o tamanho conta, há mais peixe no mar e as etiquetas são nossas amigas (tamanho, diversidade e rotulagem). Além disso serão distribuídos Guias de Consumo da ANP/WWF aos visitantes. Estes guias ajudam os consumidores a escolher corretamente peixe e marisco tendo menos impacto nos ecossistemas marinhos, colaborando na sua recuperação e promovendo a sustentabilidade dos oceanos.

“Globalmente, cada um de nós consome uma média de 20kg de pescado por ano, quase o dobro de há 50 anos atrás. Em Portugal, o consumo ainda é maior com cerca de 62 kg/per capita/ano, cerca de três vezes mais pescado do que o europeu comum”, comentou Rita Sá, especialista em Oceanos e Pescas da ANP/WWF.

E isto causa problemas nos oceanos. “93% das populações marinhas no Mediterrâneo estão sobre-exploradas, bem como 31% dos recursos pesqueiros globais”, acrescentou. “A maioria do pescado consumido na Europa é importado, sendo que em Portugal este valor representa cerca de ¼ do pescado consumido, e é essencial que os consumidores exijam saber a sua proveniência, como forma de mitigar a pesca ilegal.”

“Nem tudo o que vem à rede é peixe para comer. Há muitas histórias por detrás do seu prato, e é essencial que os consumidores tenham acesso a informação que lhes permita mudar comportamentos, que façam escolhas conscientes que possam garantir um futuro mais sustentável para todos e para o planeta”, concluiu Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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