“Lousada, reencontro com a Natureza” é o tema de um novo documentário que vai passar na SIC este domingo, pelas 12h10, durante a rubrica “Vida Selvagem”. Sobre a forma como o mundo natural resiste num concelho densamente povoado.
“Situado no Norte de Portugal, Lousada é um concelho densamente povoado, e como consequência, a paisagem é marcada por uma grande concentração de casas e outras estruturas humanas”, nota Joaquim Pedro Ferreira, um dos responsáveis por este novo documentário, que realizou em conjunto com Pedro Miguel Ferreira.
Ali, “a actividade humana é imensa”, explicou à Wilder. Ao mesmo tempo, “a vida selvagem tende a resistir e muitas espécies começam a aproveitar as oportunidades geradas pela presença humana”. Esse é, aliás, um dos temas principais do programa que vai ser transmitido este domingo.
Exemplos? No relvado de um complexo desportivo no concelho, vivem aqueles que são “os maiores lagartos da Europa”, e que são cada vez mais difíceis “de avistar nos nossos campos”, destacou o realizador, que é também investigador no CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, na Universidade de Aveiro, onde faz divulgação de ciência.
“[Estes sardões] utilizavam as estruturas pedregosas artificiais para se refugiarem e o relvado para se alimentarem, mesmo com a presença e atividade constante de atletas. Durante uma semana acompanhámos um lagarto ‘menos desconfiado’ e conseguimos captar imagens incríveis das suas caçadas; algumas falhadas, outras com sucesso.”
Crias de águia e vespa asiática
Já as filmagens de um ninho de búteo vespeiro foram um grande desafio, em que o realizador chegou a passar oito horas seguidas escondido dentro de um abrigo, quatro dias consecutivos, no início de Agosto.
Mas foi essa persistência que lhe permitiu, finalmente, captar uma cena incrível. Em Setembro, regressado às filmagens do ninho, e após muitas horas de espera sem nada acontecer, Joaquim Pedro Ferreira conseguiu filmar “um dos momentos mais marcantes do documentário”: “Uma águia adulta a trazer para o ninho um enorme favo de vespa asiática nas garras.”
Além destas e de outras “histórias de vida natural desconhecidas do grande público”, o programa dá também a conhecer acções de conservação que têm marcado a vida natural no município, “com o envolvimento da população em inúmeros projectos”, descreveu o biólogo. Exemplos? “Lousada Charcos, Plantar Lousada, Lousada Guarda Rios, Gigantes Verdes, entre muitos outros. É de facto um exemplo que adoraria ver replicado em outras regiões do país.”
O trabalho da equipa começou em Novembro de 2018 e terminou quase um ano depois, em Setembro passado. Depois de uma primeira fase para conhecer a região, com a ajuda dos biólogos e técnicos da Câmara Municipal de Lousada, fizeram-se no total cerca de 800 horas de filmagens.
Abrigos, fatos folha e alta velocidade
Foram usadas câmaras com distâncias focais grandes, que permitiram “conseguir planos aproximados de muitos animais”, mas também abrigos (tendas camufladas) e até mesmo fatos folha, nalguns casos. Quanto aos mamíferos carnívoros, como a maioria tem actividade noturna, a equipa recorreu a câmaras de alta definição para captar os animais com iluminação infravermelha, notou o realizador.
“No caso de um ninho de coruja do mato localizado numa enorme árvore, uma araucária de um jardim, tivemos que fazer alguns dias de espera nocturna de várias horas num abrigo, para conseguirmos 20 segundos de filme.”
Recorreram também a câmaras de alta velocidade, que tiram 150 fotos por segundo, o que permitiu captar “acções que são tão rápidas que não conseguimos observar à velocidade normal (25 fotos por segundo)”. Um dos resultados é “um sardão a tentar capturar um gafanhoto filmado em ‘slowmotion’” – uma cena de caça a que será possível assistir na televisão este domingo.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Assista ao ‘teaser’ do documentário “Lousada, reencontro com a Natureza”, aqui.