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Helena Freitas sugere dois livros de natureza para o Verão

11.07.2019

Os dias compridos do Verão são uma boa altura para conhecer novos livros. A Wilder pediu a vários naturalistas sugestões de obras que os marcaram e vai dá-las a conhecer ao longo das próximas semanas. É que a inspiração é contagiosa.

Helena Freitas, professora catedrática da Universidade de Coimbra e responsável pela Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável sugere-lhe estes dois livros indispensáveis.

A Criação: Um apelo para salvar a vida na Terra, por Edward Osborne Wilson

Edward Osborne Wilson, um dos biólogos e pensadores evolucionistas mais influentes de sempre, nasceu em Birmingham, Alabama, EUA, em 1929. 

Um livro cativante, escrito em linguagem muito acessível. Uma espécie de carta de que Wilson é o remetente, sendo o destinatário um pastor baptista anónimo do sul dos EUA. Recorrendo a uma argumentação brilhante, Wilson quer convencer o pastor a contribuir para a união de esforços entre crentes e não crentes na preservação da vida na Terra, independentemente das respectivas convicções metafísicas. Porque acredita que “Se religião e ciência se pudessem reunir sob o tecto comum da conservação biológica, o problema seria rapidamente resolvido”. 

Wilson não apela à conciliação entre religião e ciência sobre a origem e complexidade da vida, afirmando mesmo que tal conciliação não é possível; o que pretende e acha possível é uma união de esforços para salvar a vida na Terra, porque a preocupação é comum, ou seja: a salvaguarda da maravilhosa obra do Criador, para uns; a preservação da dádiva de milhões e milhões de anos de evolução, para outros. 

Tive contacto com este livro no momento em que saiu. E Wilson é um biólogo muito inspirador cuja atividade acompanho. Escolhi-o porque fui seduzida pela simplicidade e pela força da narrativa – em prol da conservação da natureza.

A Era do desenvolvimento sustentável, por Jeffrey Sachs (1ª edição 2017)

Jeffrey Sachs é um economista americano, considerado um dos maiores especialistas mundiais e desenvolvimento económico, combate à pobreza e à desigualdade.  Diretor do Earth Institute, Universidade Columbia.

Um livro muito informativo, que ajuda a compreender de que forma podemos enfrentar os problemas globais, da pobreza extrema à degradação ambiental e às injustiças sociais. Um livro que visa informar, mas também inspirar e suscitar a ação. Num tempo em que se torna cada vez mais imperiosa uma abordagem global para os problemas ambientais, em que se percebe que não resolveremos as questões mais urgentes que afectam o planeta sem respondermos à injustiça social e à desigualdade, precisamos de caminhos inovadores e inclusivos para a construção de um desenvolvimento sustentável. Este é um livro que assume soluções e aponta caminhos. 

Tive contacto com este livro em 2017. Li algumas críticas que gostei e acabei por comprar. Escolhi-o porque penso que a formulação de soluções para os problemas ambientais globais requer conhecimento interdisciplinar e uma ampla percepção quantitativa e qualitativa. 


Siga a série As Minhas Leituras e conheça também outros livros naturalistas sugeridos na Wilder, aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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