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Há uma exposição sobre as algas de Portugal à sua espera em Lisboa

23.07.2024

João Canilho Santos, curador da exposição “Phycologia“, patente de 4 de Julho a 13 de Outubro no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, falou à Wilder sobre este “mergulho no mundo das algas” e o que poderá encontrar.

O objectivo é simples e bem a propósito desta época do ano: dar a “conhecer o diverso mundo das algas”, numa “viagem pelo tempo à boleia de uma componente científica e da relação do ser humano com estes organismos”, explicou João Canilho Santos à Wilder.

As algas são um dos grupos de organismos mais importantes no planeta, fornecendo entre 50 e 80% do oxigénio, segundo investigadores.

Para ficarmos a saber mais sobre elas, esta exposição tem modelos 3D de microalgas, espécimes herborizados e conservados, entre outros materiais.

Está organizada em três núcleos distintos: “no passado, exploram-se as origens evolutivas destes organismos e as Coleções Históricas de herbários de macroalgas; no presente, são abordadas as diversas utilizações das algas e alguma da sua biodiversidade a nível continental português; no futuro, apresentam-se os desafios à sua conservação e são apresentados projetos multidisciplinares das áreas do design sustentável onde as algas são a base para a criação de diferentes materiais”, explicou o curador desta exposição. 

Sargaceiros e benefícios das algas. Foto: Miguel Teixeira

Com tudo isto, os organizadores da exposição querem “consciencializar não só a sociedade, mas também a comunidade científica fora desta área de estudo, da importância destes organismos, principalmente das macroalgas (algas visíveis a olho nu) que são menos estudadas comparativamente às microalgas”. Isto porque são “organismos essenciais para a manutenção da qualidade dos sistemas costeiros, principalmente num planeta em alterações climáticas, e com um potencial subexplorado a diversos níveis”.

Segundo João Canilho Santos, “esta exposição foi produzida de forma a ser acessível a um público não-especialista e que pretende introduzir o tema, não sendo necessário conhecimento prévio sobre esta área. Desta forma, tanto os mais jovens como os adultos conseguirão usufruir da exposição”.

O curador destaca uma colecção em especial, “uma das mais antigas de Portugal a estar acessível ao público”. João Canilho Santos explicou que “na exposição são partilhados os resultados de um projeto de investigação da Coleção Histórica de macroalgas do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa”.

Espécimes herborizados e conservados. Foto: D.R.

“Existia um grande e diverso conjunto de exemplares de macroalgas herborizadas (isto é, secas em folhas de herbário), os mais antigos datam da década de 1880, mas que não estavam ao serviço da comunidade científica. Durante dois anos, cerca de 900 exemplares foram revistos e atualizados em termos da sua taxonomia ou identificados pela primeira vez, tendo também sido feitas mais de 200 novas colheitas para incrementar a Coleção. Todos estes exemplares foram digitalizados e estão acessíveis para serem estudados e servir como base para outros projetos, podendo os visitantes ler o código QR presente na exposição para consultar esta biblioteca online. Alguns destes exemplares foram, também, identificados através da utilização de técnicas moleculares (código de barras de DNA) e as sequências genómicas daí resultantes estão entre as três primeiras a nível mundial para muitas espécies, o que significa que estamos a contribuir para informação de ponta nesta área.”

Pode visitar a exposição “Phycologia” até 13 de Outubro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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