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copas das árvores com rochedo ao longe

Descubra o bosque mágico do ‘Caminho do morto que matou o vivo’

13.04.2018

A Primavera é uma das melhores alturas do ano para partir à descoberta de novas paisagens em Portugal. Paulo Pereira, da Sociedade Portuguesa de Botânica, sugere-lhe o ‘Caminho do morto que matou o vivo’. Curioso? Fique a saber porquê.

 

O ‘Caminho do morto que matou o vivo’ liga a pitoresca aldeia da Pena à aldeia de Covas do Rio, na Serra da Arada, São Pedro do Sul (Viseu). A lenda já antiga conta “a história de um caixão que, ao ser transportado para o cemitério de Covas do Rio pelo carreiro abaixo resvalou, levando com ele um dos carregadores”.

Estes três quilómetros fazem parte da Rota da Água e da Pedra, na região turística das Montanhas Mágicas. “O caminho não está marcado, pelo que teria de ser percorrido com a ajuda de um guia”, avisa Paulo Pereira. Sendo um percurso bastante íngreme, “dá para todas as idades, desde que as pessoas estejam preparadas.”

 

 

O botânico, que é também guia de natureza, nota que este “é mesmo um percurso que surpreende e muito, pois parece que estamos noutro país, remoto, selvagem”. A surpresa ainda é maior na Primavera, “porque é uma estação fantástica, com muitas das árvores e plantas em flor.”

 

copas das árvores com rochedo ao longe

 

Ao longo da caminhada, contam-se mais de 20 espécies de árvores diferentes, todas autóctones. “Algumas bastante raras como o ulmeiro-da-montanha (Ulmus glabra), mas todas com o seu interesse particular.” Ainda assim, salienta, “é o conjunto de espécies que faz deste vale um vale excepcional, com azinheiras, sobreiros, carvalho alvarinho, carvalho negral, lódão, choupo negro, amieiro, loureiro, medronheiro, azevinho e outras, num bosque mágico que nos leva para outro mundo”.

Já o heléboro é uma planta rara nesta região, mas que se avista com frequência ao longo do caminho.

 

uma folha de heléboro-branco, planta rara

 

Quem por aqui passar encontra ainda aveleiras, nogueiras, sabugueiros, cerejeiras, castanheiros e sanguinhos, entre outras árvores e arbustos.

Quanto à fauna, “o falcão peregrino avista-se com alguma frequência e a toupeira-de-água existe nesta bacia hidrográfica (rio Deilão)”, acrescenta Paulo Pereira. Quem andar à procura de anfíbios, também pode observar a salamandra-lusitânica e a rã-ibérica, junto à água.

 

uma rã ibérica

 

Todavia, a riqueza de espécies não é a única atracção deste percurso. Muito pelo contrário. “Os icnofósseis de trilobites que por aqui podemos ver, que remontam há 480 milhões de anos, também são muito interessantes”, sublinha o mesmo responsável, referindo-se ao local que é conhecido por Livraria da Pena.

 

penhasco com árvores

 

Outros pontos de interesse ali próximos? Paulo Pereira destaca os locais de São Macário, do Portal do Inferno, Covas do Monte e ainda as turfeiras da Fraguinha, “todos com uma bela história para contar”.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Conheça melhor este ponto de interesse da Rota da Água e da Pedra, aqui. Para percorrer o caminho, Paulo Pereira sugere uma visita já programada, como esta.

Recorde também um passeio para encontrar as flores da Serra de Montejunto e das Serras de Aire e Candeeiros.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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