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Indo-europeus, romanos e germânicos

17.08.2015

Há cerca de 3000 anos, o território português era palco de invasões de povos indo-europeus como os fenícios, os gregos e os cartagineses, atraídos pelos minérios existentes nesta região. Assim, foram estes povos que introduziram inovações importantes tais como a capacidade de produção de objetos em ferro e a escrita.

Com a intensificação do consumo de lenha capaz de alimentar fornos de fundição de ferro e, simultaneamente, o aumento de ferramentas em ferro, houve provavelmente uma pressão acrescida na floresta portuguesa.

A norte do território, registou-se um uso quase exclusivo de povoados com fortificações naturais e/ou artificiais chamados de castros, que lhes conferiam protecção contra ataques de rivais. A localização destes castros em zonas de altitude, em pontos estratégicos geralmente próximos de rios, bem como as conhecidas pilhagens destes povos, sugerem conflitos intensos entre os seus habitantes.

Durante este período da nossa proto-História, a criação de gado era bastante importante, havendo por isso necessidade de extensas áreas de pastoreio. As espécies domésticas como o porco, a ovelha, a cabra e a vaca eram frequentemente consumidas, sendo complementadas com espécies selvagens como o veado, o javali e o coelho-bravo.

Por vezes, era dada uma grande importância à vaca por ser usada na agricultura, no transporte de pessoas e mercadorias, na produção de leite e seus derivados e pela sua carne. A galinha terá sido introduzida na Península Ibérica durante este período, provavelmente pelos fenícios.

Em povoados junto à costa, eram também explorados os recursos marinhos, consumidos frescos mas também salgados para consumo posterior.

Entre o início do II século antes de Cristo (A.C.) e o final do I século A.C., os romanos conquistaram o território português, estabelecendo-se rapidamente a sul, mas encontrando resistência em terrenos mais acidentados a norte do rio Tejo. O geógrafo grego Estrabão descreveu essa região mais difícil de conquistar como “muito favorecida, no que respeita a frutos, animais, e quantidade de ouro, prata e outros metais similares”.

Este autor considerava também que os povos “montanheses” que a habitavam eram frugais, alimentando-se sobretudo de carne de cabra e de bolotas que usavam para fazer pão. Estas bolotas, que provinham de carvalhos, azinheiras e sobreiros, serviam também para alimentar animais domésticos como o porco.

Com a integração do território português no grande espaço económico que era o Império Romano, houve um grande desenvolvimento agrícola e um crescimento demográfico. Ambos foram provavelmente favorecidos por um período climático mais quente que ocorreu entre 250 A.C. e 450 depois de Cristo (D.C.).

Entre as inovações técnicas trazidas pelos romanos, destaca-se o arado romano e a generalização das ferramentas em ferro, o que promoveu a expansão da agricultura para os solos mais produtivos e pesados dos vales. Assim, a desflorestação das zonas montanhosas alargou-se para áreas mais baixas, onde também se registou o estabelecimento de novas povoações.

Muitas povoações foram também forçadas a abandonar os castros usados anteriormente, passando a ocupar áreas mais acessíveis, cuja segurança era assegurada pelos romanos. As técnicas introduzidas permitiram também a drenagem de pântanos, o que reduziu focos de algumas doenças e facilitou o acesso a novos terrenos férteis.

Para além disso, os romanos influenciaram muitas outras áreas de atividade relacionada com a exploração de recursos naturais, desenvolvendo por exemplo a indústria da salga de peixe em locais como as praias de Lisboa, Setúbal, Tróia, Sines ou ilha do Pessegueiro.

É, ainda, de notar que foram os romanos a introduzir uma dieta mais baseada em cereais, a adoptar o centeio como cultura e a introduzir o gamo no nosso país.

A instabilidade política nos séculos III e IV D.C., e a posterior desintegração do Império Romano no território português no século V, abriram caminho ao domínio Germânico nesta região entre os séculos V e VIII. Este período conturbado foi caraterizado por guerras e pilhagens constantes, o que motivou a reocupação de montanhas e outras áreas menos acessíveis pelos povos locais.

Houve, também, o abandono de muitas zonas rurais e uma redução acentuada da produção animal e agrícola, o que deverá estar relacionado com um período de clima mais frio que aconteceu entre 450 e 950 D.C.

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