Andreia Grancho: “Cada lince tem a sua forma de ensinar as crias a caçar”

19.04.2016

Andreia Grancho, 30 anos e natural do Porto, é vídeo-vigilante no CNRLI desde 2011.

 

Andreia partilha com Verónica Madeira e Marta Cabaça a responsabilidade de vigiar os linces que vivem no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico (CNRLI), através das imagens transmitidas em directo pelas câmaras de vídeo-vigilância.

Esta psicóloga de formação, com especialização em Comportamento Animal, senta-se em frente aos monitores e regista o dia-a-dia dos linces há já cinco anos.

 

 

“Quando soube que a equipa do CNRLI estava a ser formada enviei logo o currículo. Mas só conseguiu entrar um ano depois, quando surgiu uma vaga.” E ficou.

Na altura, pouco sabia sobre esta espécie de felino. “Tinha um interesse generalizado por animais e já tinha feito voluntariado com o lobo num zoo e em liberdade.”

Agora, é diferente. Entre as muitas particularidades da vida de um lince-ibérico, Andreia admira mais o comportamento maternal com as crias até à fase em que estas se tornam independentes. “Cada mãe lince as suas formas de ensinar as suas crias a caçar”. Mas, regra geral, todas as progenitoras apresentam a presa de forma faseada. “É engraçado ver como as crias estão muito atentas para aprender como a mãe faz. E aprendem a caçar num instante”, no meio de muita brincadeira, claro.

Para esta vídeo-vigilante, as fases do CNRLI mais estimulantes são os períodos de gestação e os partos. “É preciso grande concentração nestes momentos. Mas cada fase tem o seu interesse, especialmente para quem gosta de estudar comportamentos.” Segundo Andreia, o mais difícil é fazer vídeo-vigilância quando os linces passam muito tempo a dormir.

 

[divider type=”thick”]Série Como nasce um lince-ibérico
Uma equipa da Wilder esteve dois dias no CNRLI em Março do ano passado e assistiu ao último parto da temporada, ao lado de veterinários, tratadores, video-vigilantes e voluntários. Nesta série contamos-lhe como é o trabalho naquele centro e apresentamos-lhe as pessoas por detrás da reprodução em cativeiro desta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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