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Raposas vencem Wildlife Photographer of the Year

14.10.2015

Os vencedores do concurso Wildlife Photographer of the Year 2015 foram anunciados numa cerimónia ontem à noite no Museu de História Natural de Londres, que organiza anualmente esta competição. O grande vencedor foi o fotógrafo amador e a sua imagem de duas raposas.

 

Na 51ª edição dos prémios entraram a concurso 42.000 fotografias enviadas por fotógrafos profissionais e amadores de 96 países.

O prémio Wildlife Photographer of the Year (‘Melhor Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano’), decidido por um júri internacional, foi atribuído este ano a Don Gutosky, um fotógrafo amador do Canadá, pela sua imagem ‘Tale of Two Foxes’ (‘Conto de Duas Raposas’). Don captou a luta pela vida no clima subártico de Cape Churchill, ao pé da Baía de Hudson, no Canadá.

Naquela região, mais conhecida pelas expedições para observação do urso polar, ocorrem em simultâneo a raposa vermelha e a raposa do Ártico, esta última mais a Norte.

 

 

“Primeiro reparei na raposa vermelha a caçar e a interagir com uma presa e quando me aproximei, vi que se tratava de uma raposa branca do Ártico”, descreveu o fotógrafo vencedor. “Quando me aproximei o suficiente para capturar o acontecimento, a luta tinha terminado e a vencedora estava a alimentar-se.”

Os guias da região já tinham ouvido falar sobre lutas ocasionais entre as duas espécies, mas nenhuma das pessoas questionadas por Don Gutosky tinha alguma vez assistido a algo deste género.

“O que poderia ser simplesmente uma interacção entre predador e presa surpreendeu o júri como um exemplo gritante das mudanças do clima, com as raposas vermelhas a penetrarem no território da raposa do Ártico”, considerou Kathy Moran, membro do júri e editor senior da National Geographic para os projectos de história natural.

“É uma imagem que funciona a vários níveis. É gráfica, capta um comportamento e é uma das imagens contadoras de uma história mais fortes que vi até hoje.”

Ondrej Pelánek, um jovem de 14 anos da República Checa, venceu o prémio na categoria de ‘Young Wildlife Photographer of the Year 2015’ (Melhor Jovem Fotógrafo do Ano 2015) com a sua imagem ‘Fighting ruffs’ (Combatentes em luta).

 

Ondrey Pelánek, Young Wildlife Photographer (11-14 anos)

 

Ondrey foi um dos mais fotógrafos mais novos a concurso este ano, e tirou a fotografia na tundra de Varanger, na Noruega, cerca de 15 quilómetros para o interior. Da espécie Philomachus pugnax e conhecidas em português por combatentes, estas aves assumem um comportamento guerreiro durante a época nupcial.

“Muito para lá do círculo polar, encontrámos combatentes a lutar”, descreveu Ondrej. “Tirei esta fotografia à meia-noite, quando o meu pai estava a dormir. Estava demasiado excitado e por isso fiquei acordado.”

“O fotógrafo captou um momento que fala de comportamento poderoso, no entanto apresenta-o como uma dança delicada”, disse Kathy Moran, do júri. “É possível passar uma carreira inteira a tentar tirar esta fotografia. Que tenha vindo de um dos mais jovens concorrentes foi um prazer.”

As duas imagens foram selecionadas entre as 18 fotografias vencedoras das categorias individuais, algumas das quais pode ver mais abaixo.

Tanto estas imagens como outras que entraram no concurso deste ano, uma centena de fotografias que tinham sido selecionadas para a fase final, vão estar agora em exposição no Museu de História Natural de Londres, entre os dias 16 de Outubro de 2015 e 10 de Abril de 2016. Depois dessa data, a exposição irá viajar por outros locais, por todo o mundo.

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Havia, então, apenas três categorias. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto.

 

Jovens fotógrafos de Natureza dos 15 aos 17 anos: Íbis-escarlates em voo, na costa da ilha de Lençóis, Nordeste Brasileiro (Jonathan Jagot)

 

Aves: Três falcões-de-pés-vermelhos, perto de Beit Shemesh, Israel (Amir Bem-Dov)

 

Anfíbios e Répteis: Tritão-de-crista, em Gelderland, Holanda (Edwin Giesbers)

 

Debaixo de Água: Baleia-de-bryde a alimentar-se de sardinhas, em Eastern Cape, África do Sul (Michael AW)

  

 

Do céu: Baía do Parque Natural de Cádiz vista do ar, Andaluzia, Espanha (Pere Soler)

 

Urbano: Uma raposa urbana, em Surrey, Inglaterra (Richard Peters)

 

Impressões: Uma andorinhas-das-chaminés entra num armazém por um buraco numa pintura, em Almeria, Espanha (Juan Tapia)

 

Prémio para o melhor fotojornalista de vida selvagem: Grandes felinos numa performance no Parque Seven Stars, China (Britta Jaschinski). O título desta fotografia é ‘Broken Cats’.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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