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Devolução ao oceano da tartaruga. Foto: Zoomarine

Tartaruga-comum devolvida ao oceano depois de dois meses de reabilitação

21.07.2025

Uma tartaruga-comum (Caretta caretta) juvenil foi devolvida ao oceano a 18 de Julho, depois de dois meses de intensos cuidados e reabilitação no Porto d’Abrigo do Zoomarine.

A operação decorreu a bordo do NRP Sagitário, da Marinha Portuguesa, que partiu do Ponto de Apoio Naval de Portimão. A devolução decorreu a cerca de 12 milhas náuticas da costa de Portimão, fora da zona de maior esforço de pesca, minimizando riscos para a tartaruga.

Devolução ao oceano da tartaruga-comum. Foto: Zoomarine

O animal tinha sido resgatado a 14 de maio por populares, que contactaram a Rede de Arrojamentos da Região de Lisboa e Vale do Tejo (RALVT). Esta, por sua vez, entregou a tartaruga aos cuidados do Porto D’Abrigo do Zoomarine, no Algarve.

O animal “chegou com problemas de flutuabilidade e desidratação, sintomas que os exames clínicos associaram à ingestão de plásticos, uma das principais ameaças à vida marinha”, segundo um comunicado do Zoomarine.

“Ao longo do processo de reabilitação, foram excretados vários fragmentos de plástico, sublinhando o impacto real da poluição marinha nos ecossistemas.”

Segundo o Zoomarine, “nas primeiras 24 horas, a tartaruga foi submetida a oxigenoterapia para prevenção da doença de descompressão. Manteve flutuação anormal nos primeiros dias, mas mostrou sempre um forte apetite e, com o tempo, voltou a mergulhar e a alimentar-se no fundo da piscina de recuperação”.

Dos 9,8 kg e 39 cm de comprimento de carapaça registados à chegada do Porto d’Abrigo, a tartaruga recuperou para 11,6 kg e 41,9 cm, “apresentando todas as condições clínicas e comportamentais para o seu regresso ao mar”.

Devolução ao oceano da tartaruga. Foto: Zoomarine

Para possibilitar a sua identificação futura, a tartaruga marinha foi equipada com anilhas nas barbatanas anteriores e um microchip, garantindo a identificação mesmo após a eventual perda das anilhas com o crescimento do animal ou erosão da água salgada.

A ação contou com o apoio da Marinha Portuguesa e com a presença do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

A tartaruga-comum é uma espécie migradora (não reprodutora) visitante nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. É nas águas oceânicas em redor destas ilhas que estas tartarugas passam grande parte da fase inicial do seu ciclo de vida, entre seis a 12 anos, com uma missão: procurar alimento nas frentes oceânicas. São animais que nasceram nas costas ocidentais do Atlântico Norte (Estados Unidos e México).

Estes animais, essencialmente juvenis, fazem parte de uma população mais ampla que abrange grande parte do Atlântico Norte Central e Ocidental.

Enquanto as tartarugas juvenis ocorrem exclusivamente em alto mar, os adultos têm hábitos costeiros.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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