Foto: Joana Bourgard

Sabe quantas espécies de abelhas existem em Portugal Continental?

14.02.2025

Ao actualizar a lista das abelhas de Portugal Continental, uma equipa de investigadores acrescentou-lhe 14 novas espécies. Passamos assim a ter um total de 736 espécies conhecidas de abelhas.

As colecções entomológicas e os espécimes que guardam são cruciais para aumentarmos o conhecimento sobre os nossos insectos.

Hoje, Portugal é o 9º país da Europa mais rico em espécies de abelhas, segundo os investigadores da Universidade de Coimbra que publicaram os resultados do seu trabalho na revista Journal of Hymenoptera Research, a 10 de Fevereiro.

Ainda assim, “o conhecimento sobre as abelhas de Portugal é moderado” e a primeira lista completa das espécies foi publicada só em 2018.

Para mudar as coisas, Portugal está a fazer um esforço para melhorar o trabalho taxonómico sobre estas espécies, através de vários projectos. Os espécimes guardados nos museus de História Natural são cruciais.

A maior colecção histórica de abelhas do nosso país está no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e tem sido construída por 50 colectores ao longo de mais de 110 anos. O registo mais antigo é de 1876; as abelhas foram recolhidas nos 18 distritos do país, sendo os distritos com mais registos o de Coimbra (5.104 registos), Porto (1.681) e Lisboa (1.503).

Mas ainda havia muito a conhecer sobre as suas espécies.

Esta equipa de investigadores – Hugo Gaspar (Universidade de Coimbra), Simone Flaminio (Universidade de Mons, Bélgica), Albano Soares (Tagis), Cristina Rufino (Universidade de Coimbra), João Loureiro (Universidade de Coimbra), Sílvia Castro (Universidade de Coimbra) e Thomas J. Wood (Naturalis Biodiversity Center, Leiden, Países Baixos) – deitou mãos à obra e estudou 13.374 espécimes de abelhas, dos quais 11.053 nunca tinham sido publicados. Estes representam um total de 464 espécies, pertencentes às seis famílias das abelhas portuguesas.

Os espécimes foram analisados, organizados, georeferenciados, indexados e transferidos para caixas novas. Depois, começou o trabalho de revisão taxonómica.

No artigo científico que publicou a lista actualizada das espécies de abelhas de Portugal Continental há 14 novas espécies para o território: Andrena rotundata  – encontrada na Praia da Areia Branca, Lourinhã, em 1969, este é o primeiro registo para a Europa Continental e que surpreendeu os peritos, dada a sua distância em relação à distribuição conhecida até agora -; Andrena ferox; Lasioglossum intermedium; Sphecodes pinguiculus; Amegilla ochroleuca; Anthophora canescens; Anthophora senescens; Anthophora pubescens; Bombus ruderarius; Nomada flavopicta; Nomada pectoralis; Nomada connectens; Nomada flavilabris e Thyreus picaron. 

Os investigadores acreditam que o número de espécies de abelhas conhecidas, “provavelmente, irá continuar a crescer devido a futuras revisões às colecções nacionais, a mais trabalho de campo e a esforços de monitorização”.

Neste momento, as maiores lacunas de dados estão nas regiões de Beja, Évora, Portalegre, Santarém, Guarda, Bragança, Vila Real e Viana do Castelo.

“O aumento dos esforços de amostragem nestas regiões pouco exploradas tem um excelente potencial para descobertas e deveria ser explorado no futuro”, avançam os autores do artigo.


Saiba mais.

Acompanhe a série Guardiões das Flores – uma parceria entre a Wilder e o projeto PolinizAÇÃO, do CFE – Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, dedicada aos polinizadores, entre eles as abelhas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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