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UE desafia países a eliminar capturas acidentais de aves marinhas

17.03.2016

A Comissão Europeia propôs, a 11 de Março, uma nova legislação que insta os Estados membros a adoptar as medidas necessárias para evitar a captura acidental de aves marinhas em artes de pesca.

 

O dia 11 de Março foi um dia histórico para as aves marinhas, descreveu a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), em comunicado. A organização comentava assim a proposta apresentada pela Comissão Europeia para simplificar e reforçar as medidas relativas à pesca e à interacção das actividades de pesca com os ecossistemas e espécies marinhas, como mamíferos, répteis e aves.

A SEO/Birdlife recorda que, pelo menos, 200.000 aves marinhas morrem acidentalmente todos os anos em artes de pesca em águas comunitárias. Isto inclui espécies à beira da extinção, como a pardela-balear (Puffinus mauretanicus), cuja principal ameaça é, precisamente, a captura acidental em artes de pesca.

Coincidentemente, foi publicado na mesma semana, a 8 de Março, um artigo na revista científica Journal of Applied Ecology que alerta para a extinção da pardela-balear dentro de 60 anos se nada for feito para travar as capturas acidentais. “O problema afecta toda a área de distribuição da espécie, que inclui o Mediterrâneo ocidental e a área atlântica europeia”, comentou Pep Arcos, responsável pelo programa marinho da SEO/BirdLife.

Agora, esta nova legislação obrigará os Estados membros a pôr em prática medidas “de atenuação para reduzir ao mínimo e, quando possível, eliminar as capturas acidentais” de aves marinhas, o grupo de aves mais ameaçado do planeta.

Até agora, a União Europeia ainda não tinha promulgado uma legislação juridicamente vinculativa para resolver o problema. A nova legislação – no âmbito do Plano de Acção para Reduzir as Capturas Ocasionais de Aves Marinhas nas Artes de Pesca, de 2012 – prevê que, em casos de sérias ameaças para espécies sensíveis, os Estados membros proíbam totalmente a utilização de artes de pesca como redes de deriva “que, em certas zonas, provocaram capturas elevadas de cetáceos e aves marinhas”, segundo o texto da legislação.

“Com esta lei ganhamos todos: a conservação do meio marinho e o sector pesqueiro. Os pescadores rentabilizarão a sua actividade pescando apenas peixes e o grupo de aves mais ameaçadas da Europa manter-se-á à tona da água”, disse a directora-executiva da SEO, Asunción Ruiz.

Agora, a legislação vai ser negociada entre o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu durante 2016.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Pode ler aqui o documento legislativo proposto por Bruxelas.

Conheça um projecto que trabalha há anos em Portugal para combater a captura acidental de aves marinhas.

Descubra as 65 espécies de aves marinhas que ocorrem na Zona Económica Exclusiva de Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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