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Três novas espécies de rosas das Canárias. Foto: CSIC

Descritas três novas espécies de rosas silvestres nas Canárias

25.09.2024

Os investigadores do Conselho Superior espanhol de Investigações Científicas (CSIC) encontraram estes exemplares nos três vulcões mais elevados e antigos do arquipélago das Canárias.

As três novas rosas, segundo os investigadores, têm uma combinação de características que não se encontram em nenhuma rosa silvestre nem da Europa nem do resto das populações das Canárias.

As espécies estão descritas num artigo recentemente publicado na revista Flora Montiberica, fruto de um trabalho liderado por Pablo Vargas, investigador do CSIC e do Real Jardim Botânico (RJB-CSIC), Manuel Nogales, investigador do Instituto de Produtos Naturais e Agrobiologia (IPNA-CSIC) e Modesto Luceño, professor na Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha.

Os três investigadores estavam a fazer um estudo taxonómico nas Canárias quando descobriram estas rosas silvestres ainda não descritas nem catalogadas até então.

“Propomos três espécies novas para a Ciência encontradas nos vulcões mais altos e antigos das Ilhas Canárias: no Roque de los Muchachos de La Palma (R. roque-muchachensis), em El Teide (R. cannadas-teydensis) e na caldeira de Tejeda na Gran Canaria (R. gran-canariae)”, explicou Vargas.

Para desenvolver este trabalho, Vargas e Nogales recolheram exemplares de rosas silvestres e estudaram um total de 75 exemplares nos herbários da Universidade de La Laguna, do Jardín de Aclimatación de la Orotava e no herbário do Real Jardín Botánico-CSIC de Madrid. Visitaram locais recônditos do arquipélago das Canárias e estudaram material tipo e exemplares originais nos herbários da Sociedade Linneana de Londres e na Universidad de La Laguna, em Tenerife.

As rosas cultivadas procedem da domesticação das rosas silvestres. Concretamente, o género Rosa – com cerca de 150 espécies precursoras das rosas cultivadas – foi estudado e manipulado nos últimos séculos na Europa, América e Ásia.

A escassez de populações e a complexidade taxonómica das rosas canárias tem dificultado o estudo deste género na região. “Apesar do interesse pelo género Rosa na Europa, não há nenhuma classificação actualizada para o arquipélago canário”, salientou o CSIC em comunicado. Por isso, os investigadores começaram um estudo taxonómico das rosas que existem naquele arquipélago.

De acordo com a taxonomia que tem vindo a ser adoptada para as rosas europeias nos últimos 60 anos, os autores propõem “um mínimo de seis espécies de rosas caninas (Caninae) para as Canárias, das quais apenas duas estavam citadas: Rosa micrantha R. rubiginosa”, explicou Pablo Vargas. “Algumas características chave encontradas em outras populações distribuídas pela Gran Canaria e La Gomera encaixam no conceito de uma terceira espécie já conhecida na Europa: R. nitidula Besser.”

Segundo Vargas, Nogales e Luceño, não se conhecem bem as espécies de rosas canárias porque as suas colonizadoras europeias e africanas são de difícil identificação. Isto acontece porque, por exemplo, há “uma grande confusão a respeito dos nomes correctos das espécies por falta de espécimes tipo para muitas espécies europeias” e porque “uma hibridação generalizada entre espécies dificulta a distinção entre híbridos recentes e os estabilizados”. Além disso, “o estudo de um género muito atractivo para os jardineiros e botânicos produziu a publicação de um elevadíssimo número de sinónimos de difícil análise”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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