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Libélula imperador-azul (Anax imperator). Foto: Andreas Eichler/Wiki Commons

Mais de um quinto das libélulas da Europa estão agora ameaçadas de extinção

09.08.2024

A União Internacional para a Conservação da Natureza reavaliou 146 espécies de libélulas e libelinhas do continente europeu e alerta para “declínios críticos” nos números destes insetos.

De um total de 146 espécies do grupo das Odonata (libélulas e libelinhas) avaliadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), uma fatia de 21 por cento estão atualmente ameaçadas de extinção (Vulneráveis, Em Perigo ou Criticamente em Perigo) – mais de um quinto do total. Este número representa “um crescimento impressionante de aproximadamente 50 por cento no número de Odonata em perigo desde 2010”, alerta a organização internacional criada em 1948, responsável pela coordenação da Lista Vermelha de espécies ameaçadas.

Outro dado preocupante é a quantidade de insetos, entre as 146 espécies, classificados como Quase Ameaçados: 12 por cento estão assim à beira de entrar para o conjunto das espécies ameaçadas de extinção, que poderão desaparecer do continente europeu num futuro próximo.

A situação é especialmente preocupante para as libélulas e libelinhas exclusivas da Europa, alerta a UICN, uma vez que quase metade (42%) estão atualmente ameaçadas e outras 21% estão lá próximo, com o estatuto de Quase Ameaçadas.

A importância dos habitats de água doce

“A sobrevivência das libélulas e libelinhas europeias está fortemente ligada à qualidade e disponibilidade de habitats de água doce”, sublinha a UICN. “Alterações climáticas, poluição e má gestão da água estão entre as principais ameaças a estes animais, que se adaptaram a condições ambientais muito específicas para completarem os seus ciclos de vida.”

Um dos principais problemas, destaca a organização, é a extração cada vez maior de água na região mediterrânica para ser utlizada em culturas agrícolas, tal como o aumento de secas que estão também a ficar mais intensas nesta parte do planeta.

Por outro lado, há espécies oligotróficas – que dependem de lagos, rios ou estuários com uma baixa produção orgânica – que estão também a ser afetadas pela eutrofização. Isto acontece quando um grande número de nutrientes, como os fertilizantes usados na agricultura, alcançam esses pontos de água. Como resultado, há um aumento grande de algas e de bactérias decompositoras, que consomem demasiado oxigénio na água e fazem com que este seja insuficiente para aquelas libélulas e libelinhas.

“A interação complexa destas ameaças ao longo da última década levou a declínios significativos das populações para 29% de todas as libélulas e libelinhas europeus”, acrescenta a UICN.

Num relatório agora publicado com as conclusões desta reavaliação, os autores apelam ao aumento de investigação e de monitorização destes insetos, tal como à restautação e conservação de pequenos cursos de água, em especial na região do Mediterrâneo.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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