Lara Valmor, 39 anos e natural do Cadaval, é administrativa no CNRLI desde 2 de Novembro de 2009.
Agora que pensa nisso, foi uma coincidência. Lara fez Biologia na Universidade de Évora. “O fato da praxe, atribuído aleatoriamente, foi o de um lince. Era um lençol com a cara de um lince desenhada. A minha função foi distribuir folhas a anunciar uma palestra da Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Coincidências.”
Antes de vir para o centro trabalhou numa sociedade de revisores oficiais de contas e frequentou vários cursos, entre eles um sobre Direito Ambiental.
“Quando o centro abriu candidatei-me a tratadora mas não fiquei. Hoje sou multi-tarefas: faço vigilância para auxiliar tratadores, dou apoio nas anestesias, ajudo nos transportes e nas capturas. Faço isto porque gosto. Tenho curiosidade em saber como tudo funciona.”
Os primeiros anos do centro foram difíceis. “No início foi um grande esforço pessoal de todos. Quase tudo de estrutura foi feito por eles, com muito empenho.”
Hoje, o empenho continua. “Trabalhamos 24 horas por dia, 365 dias por ano. Não fechamos nunca. Trabalho das 09h00 às 18h00, mas estou aqui para o que for preciso.”
Lara quer que as pessoas saibam o que ali se faz. E nenhuma oportunidade é pequena para o mostrar. “Quando recebemos fornecedores, quaisquer que eles sejam, mostro-lhes os linces nos monitores de video-vigilância. Normalmente ficam surpreendidos. Quase nenhum sabia que estamos cá todos os dias nem que há tantos animais. Fazem muitas perguntas.” E mesmo quando Lara anda na rua com a sua T-shirt com os linces, as pessoas perguntam-lhe coisas.
Há muito que Lara tem um grande carinho pelo animal. A diferença é que hoje já sabe mais sobre o lince. “Cada cria que nasce aqui é como se fosse um neto ou bisneto meu. Quando uma cria é solta no campo ficamos todos super contentes. É o culminar de um trabalho. É o sinal de que todo o processo correu bem.”
“Assisti em directo à primeira cópula no centro. Nem queria acreditar. Ficámos todos tão contentes por ter dado certo.” Hoje, Lara está mais moderada em relação aos partos. “No primeiro ano fizemos uma directa a ver os partos, quando tínhamos de trabalhar no dia seguinte. Faziamos histórias entre macho e fêmea, imaginávamos as falas de uns e de outros e inventávamos romances”, recorda a sorrir.
[divider type=”thick”]Série Como nasce um lince-ibérico
Uma equipa da Wilder esteve dois dias no CNRLI em Março do ano passado e assistiu ao último parto da temporada, ao lado de veterinários, tratadores, video-vigilantes e voluntários. Nesta série contamos-lhe como é o trabalho naquele centro e apresentamos-lhe as pessoas por detrás da reprodução em cativeiro desta espécie.