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Gripe aviária confirmada pela primeira vez em aves selvagens da Antárctida

28.02.2024

Cientistas do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, do CSIC, confirmaram, pela primeira vez, a presença na Antárctida do vírus H5N1 da Gripe Aviária de Alta Patogenicidade em aves marinhas.

A presença do vírus, confirmada a 24 de Fevereiro, foi encontrada em amostras de moleiros-subantárcticos (Stercorarius antarcticus) – aves marinhas de tamanho médio, com plumagem castanha -mortos. Estas aves tinham sido encontradas por cientistas argentinos nas proximidades da base Antárctida “Primavera”.

Moleiro-subantárctico (Stercorarius antarcticus) na Antártida. Foto: iStock

As amostras foram transportadas por um navio argentino da Patrulha Antárctica Combinada, com todas as medidas de segurança, para a Base Antárctica Espanhola Gabriel de Castilla, na Ilha Decepción, onde foram analisadas pelos investigadores do CSIC Ángela Vásquez e Antonio Alcamí.

“Esta descoberta demonstra, pela primeira vez, que o vírus da Gripe Aviária de Alta Patogenicidade chegou à Antárctida apesar da distância e das barreiras naturais que a separam de outros continentes”, segundo um comunicado do Conselho Superior espanhol de Investigação Científica (CSIC) divulgado a 25 de Fevereiro.

“As análises demonstraram que as aves estavam infectadas com o subtipo H5 de gripe aviária e pelo menos uma das aves mortas tinha o vírus altamente patogénico da gripe aviária.”

A Gripe Aviária de Alta Patogenicidade é uma ameaça mundial que está a afectar aves selvagens de várias espécies. Os cientistas alertam para a ameaça que este vírus pode representar para os ecossistemas únicos e frágeis da Antárctida.

Em Outubro do ano passado, os investigadores do British Antarctic Survey confirmaram a presença da gripe em animais das ilhas subantárcticas da Geórgia do Sul, nomeadamente em moleiros-subantárcticos e em gaivotas-dominicanas (Larus dominicanus).

“Se a gripe aviária continuar a espalhar-se na região isso pode ameaçar de forma significativa aquele ecossistema frágil e colocar em risco um grande número de populações de aves marinhas e de mamíferos marinhos”, comentou em Outubro passado Ian Brown, chefe de virologia da Agência de Saúde Animal e Vegetal do Reino Unido.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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