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Lista vermelha deixa de fora 79% das espécies ameaçadas do Atlântico Nordeste

19.01.2016

Entre hoje e quinta-feira debate-se na Noruega a estratégia da OSPAR para proteger espécies e habitats no Atlântico Nordeste. A organização Oceana alerta que há dezenas de animais ameaçados que não estão ser considerados.

 

A partir de hoje estão reunidos em Trondheim, na Noruega, os peritos em biodiversidade da OSPAR – Convenção para a Protecção do Ambiente Marinha do Atlântico Nordeste que inclui União Europeia (UE) e 15 Governos: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.

Em causa está a implementação da Estratégia da OSPAR sobre Diversidade Biológica e Ecossistemas, documento que lista as espécies e habitats que precisam de ser protegidos.

A OSPAR está preocupada com 22 espécies de peixes – como o esturjão (Acipenser sturio) ou a enguia (Anguilla anguilla) -, 16 tipos de habitat (como os jardins de corais), nove espécies de aves – como o airo (Uria aalge) -, quatro espécies de mamíferos – como a baleia-azul (Balaenoptera musculus) -, duas espécies de répteis – a tartaruga-comum (Caretta caretta) e a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) – e com cinco espécies de invertebrados, como a craca Megabalanus azoricus.

Nesta segunda-feira, a organização Oceana alertou para o facto de estarem a ser ignoradas 79% das espécies de peixes do Atlântico Nordeste ameaçadas de extinção. Por isso pede um alargamento da lista vermelha da OSPAR. “A lista não é actualizada desde 2008 e não inclui 79% das espécies de peixes reconhecidas como ameaçadas de extinção”, diz a organização em comunicado.

Além disso, a Oceana pede a protecção de outros tipos de habitats em declínio, como as florestas de kelp e as comunidades de Haploops (pequenos crustáceos).

“Pedimos aos Governos do Atlântico Nordeste que deixem de arrastar os pés e adoptem, com urgência, um método mais sistemático de listagem de todas as espécies e habitats marinhos reconhecidos pela Ciência como ameaçados”, apelou Lasse Gustavsson, director-executivo da Oceana para a Europa.

A organização lembrou que a Lista Vermelha europeia para os peixes marinhos da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) lista 52 espécies ameaçadas para o Atlântico Nordeste; a OSPAR “apenas se compromete a proteger 11 (21%)”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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