Foto: RIAS

Recuperado ganso-patola que tinha sido encontrado com fio de pesca enrolado à volta do pescoço

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Esta ave marinha juvenil foi agora libertada no alto mar, depois de ter sido resgatada numa praia do Litoral Alentejano, em meados de Junho.

Os gansos-patolas (Morus bassanus), também chamados de alcatrazes, podem ser observados ao longo de toda a costa continental portuguesa, em especial durante o Inverno e nas épocas de migração.

Esta é a maior ave marinha que pode ser vista em águas portuguesas, muito admirada pelos seus mergulhos. “Efectuados de grande altura, entrando na água como um fuso e com grande impacto, parecem flechas apontadas e disparadas e são um espectáculo a não perder”, descreve o portal Aves de Portugal.

No caso deste juvenil de ganso-patola, foi encontrado na Praia da Costa de Santo André e resgatado pela equipa do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas que trabalha na Reserva Natural da Lagoa de Santo André e da Sancha, em meados de Junho.

“Aparentava ter bastante dificuldade na locomoção”, uma vez que “tinha um fio de plástico enrolado à volta do bico e do pescoço, impedindo-o de levantar a cabeça”, descreve uma nota publicada pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, situado na zona da Ria Formosa, em Olhão. A ave seguiu para este centro adaptado à recepção de aves marinhas depois de passar os primeiros dias no CRASSA – Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André.

A equipa do CRASSA fez primeiro um exame ao ganso-patola, de forma a pesquisar se este tinha engolido outros corpos estranhos ligados à pesca, como anzóis. Como não encontraram nada, puderam “remover de imediato” o fio de pesca que estava enrolado à volta do pescoço e da cabeça. “Posteriormente, o animal foi estabilizado com recurso a fluidoterapia oral, e mais tarde, foi-lhe fornecido peixe que aceitou de bom grado.”

No entanto, uma vez que estas aves marinhas passam uma grande parte do tempo no alto mar, foi necessário encontrar um outro centro que tivesse todos os meios necessários à sua recuperação, desde logo uma piscina preparada para as necessidades desta ave. Foi então que “o CRASSA recorreu à Rede Nacional de Centros de Recuperação de Animais Selvagens e entrou em contacto connosco, um dos centros adaptados à recepção de aves marinhas”, acrescenta a nota do RIAS.

A ave chegou ao centro de Olhão depois de quatro dias passados no CRASSA. Passou depois para uma pequena piscina onde tinha acesso a uma plataforma, para se conseguir avaliar como estava a sua impermeabilidade – uma questão muito importante para espécies marinhas como esta. “Dias mais tarde, forte e já confirmada a impermeabilidade, foi transferido para uma piscina maior onde ficou sem plataforma até ao fim da sua ‘estadia’.”

Foto: RIAS

Passadas duas semanas, este ganso-patola foi finalmente devolvido ao seu habitat no alto mar, com a ajuda do ICNF e na presença de uma técnica do CRASSA.

O problema dos plásticos e das aves marinhas foi alvo de um novo estudo científico internacional publicado esta semana, coordenado por uma investigadora do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, da Universidade de Lisboa.


Saiba mais.

Conheça melhor a história da recuperação deste ganso-patola, a assista a um vídeo da libertação desta ave, aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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