Uma pequena fêmea de pangolim-chinês, espécie ameaçada pelo tráfico de animais, veio ao mundo a 2 de Fevereiro. Têm sido dias trabalhosos.
O anúncio foi feito pelo director do Jardim Zoológico de Praga, Miroslav Bobek, numa nota publicada no site do zoo em que explica que os primeiros tempos da pequena cria não foram fáceis e que as expectativas eram bastante baixas quanto à sua sobrevivência.
O pangolim-chinês (Manis pentadactyla) é uma das quatro espécies nativas asiáticas de pangolim registadas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Está avaliado como Criticamente em Perigo, o último patamar antes da extinção na natureza, tal como dois outros pangolins da Ásia. Em causa está o facto de serem grandes vítimas de caça e tráfico ilegais, uma vez que as escamas que lhes cobrem o corpo são muito procuradas pela medicina tradicional chinesa e a carne é considerada uma iguaria.
No entanto, a criação destes animais em cativeiro é um processo muito desafiante. Na capital da República Checa, logo nos primeiros dias, a equipa responsável pela pequena pangolim percebeu que, apesar de mamar, ela não estava a ganhar peso. Tinha nascido com apenas 35 gramas e, mesmo esse peso inicial, estava lentamente a perdê-lo. “Embora estivesse activa e mostrasse vontade de viver e a sua mãe Run Hou Tang tomasse conta dela de forma excelente, era óbvio que a mãe não tinha leite suficiente”, relata Miroslav Bobek.
Depois de consultas com o Zoo de Taipei, em Taiwan, de onde são originários os pangolins que estão neste jardim zoológico, a equipa decidiu começar a dar leite artificial à recém-nascida. Todavia, estavam cientes de que este era um processo nada fácil. “Embora fosse um passo necessário, havia o risco de perturbarmos o laço entre a cria e a mãe e esta última poderia ficar perturbada e o bebé poderia não aceitar a comida artificial”, descreve o director do zoo.
Por isso, foram tomados todos os cuidados, distraindo a pangolim mãe com comida enquanto os tratadores alimentavam às escondidas a pequena cria. No dia 6 de Fevereiro, uma segunda-feira, a pangolim recebeu pela primeira vez um milímetro de leite artificial para gato, diluído, e esse acto passou a repetir-se todos os dias de manhã e ao anoitecer.
O resultado foi um pequeno ganho de peso, mas não bastava, recorda Miroslav Bobek. Depois de consultas com o zoo de Taiwan, “que aconteciam nas horas mais impossíveis devido aos fusos horários diferentes”, os tratadores da recém-nascida aumentaram a dose de leite que lhe davam e passaram a alimentá-la três vezes por dia, enquanto “a mãe era estimulada a produzir mais do seu próprio leite”.
Finalmente há duas semanas, tudo começou a melhorar: Tang reagiu bem à estimulação e o bebé começou a ganhar mais peso e a crescer. Na semana passada, a equipa conseguiu finalmente reduzir as doses de leite artificial e o número de refeições. “No entanto, ultrapassámos apenas as primeiras dificuldades e ainda temos muitas coisas pela frente”, avisa Miroslav Bobek, já a pensar no futuro. “Esperamos que tudo acabe bem.”