Os cientistas foram surpreendidos por “ecossistemas surpreendentemente ricos e populosos nos picos de vulcões submarinos extintos”, anunciou o Instituto Max Planck para a Microbiologia Marinha.
A descoberta realizou-se na zona central do Oceano Árctico, uma região coberta permanentemente por gelo, conhecida por ter poucos recursos alimentares. Os resultados foram publicados esta terça-feira num artigo na revista científica Nature Communications.
“Encontrámos jardins de esponjas enormes que prosperavam no topo de cristas vulcânicas marinhos em Langseth Ridge, mas não percebíamos do que se alimentavam”, explicou Antye Boetius, cientista chefe da expedição, ligado ao Instituto Max Planck para a Microbiologia Marinha.
A expedição operada pelo quebra-gelo Polarstern encontrou comunidades de dezenas de esponjas, com tamanhos que variavam entre um centímetro e meio metro.
Com recurso a amostras recolhidas na expedição, a equipa conseguiu perceber como é que as esponjas se adaptam a um ambiente tão pobre em nutrientes. “A nossa análise revelou que as esponjas têm micróbios simbióticos que conseguem usar matéria orgânica antiga”, descreveu a autora principal do artigo e especialista em esponjas, Teresa Morganti, do Max Planck. “[Esse mecanismo] permite-lhes alimentarem-se do que resta de habitantes agora extintos dos montes submarinos, como acontece com os tubos de vermes compostos por proteínas e quitina e outros detritos encurralados.”
Uma forma básica de vida
As esponjas são consideradas “uma das formas mais básicas da vida animal”, nota um comunicado do Instituto Max Planck, mas são abundantes em todos os oceanos. “Muitas esponjas acomodam uma comunidade complexa de microorganismos numa relação simbiótica, que contribui para a saúde e nutrientes das esponjas através da produção de antibióticos, transferência de nutrientes e libertação de excreções.”
No caso das esponjas do Árctico, são dominadas por espécies do género Geodia. Com a ajuda de cientistas da Universidade de Utreque, na Holanda, e do Instituto Alfred Wegener, na Alemanha, Teresa Morganti estudou a idade e o comportamento alimentar destes seres.
Em conjunto, a equipa percebeu que há milhares de anos, o leito marinho daquele oceano suportava um ecossistema rico e variado, e que o que ficou desses animais, quando morreram, é agora a base destes jardins improváveis. Para isso, contam com a ajuda de micróbios que foram analisados e que têm “a caixa de ferramentas certa para este habitat”. Os micróbios têm genes que digerem essas matérias e as usam como fontes de carbono e nitrogénio, tal como outras fontes de energia química.