Alcachofra-rasteira, linária-dos-olivais e soagem-gigante são as três espécies ligadas aos olivais tradicionais alentejanos em que pode votar, neste desafio organizado pela Sociedade Portuguesa de Botânica.
Estas espécies botânicas estão intimamente ligadas à paisagem do Alentejo Interior, “um mosaico de retalhos de searas, olivais tradicionais e pousios” que permitiu, ao longo de centenas de anos, “conciliar as actividades locais com a conservação de habitats e espécies que fazem parte do nosso património”, explica a Sociedade Portuguesa de Botânica (SPBotânica). A votação realiza-se online, até ao próximo dia 14, e os resultados vão ser divulgados no dia seguinte.
O crescimento da agricultura intensiva nesta região, mas também a instalação de parques solares, estão a pôr em risco mais de 20 espécies de plantas associadas aos olivais tradicionais – incluindo algumas que não existem em mais local nenhum do mundo a não ser nesses locais.
“O que está a acontecer no Alentejo, com os olivais tradicionais, é muito grave”, alerta Sergio Chozas, da direcção da SPBotânica, referindo-se à proliferação de olivais e de outras culturas em modo intensivo e semi-intensivo. A zona mais afectada, onde se encontram estas e outras espécies ameaçadas, tem um nome próprio – “barros de Beja” – e estende-se entre o concelho do mesmo nome e Ferreira do Alentejo.
Em causa estão terrenos básicos não calcários que se caracterizam por terem “um PH básico e por solos muito ricos e bons”, onde em tempos era comum o cultivo de cereais aliado aos olivais antigos e técnicas tradicionais de rotatividade que incluíam o pousio. As plantas agora ameaçadas precisam desses solo férteis mas também da gestão humana, com lavouras regulares uma ou duas vezes por ano.
“Quando arrancam as oliveiras velhas para as substituir, já não há volta atrás”, lamenta o especialista, que chama também a atenção para os efeitos negativos do uso agora recorrente de fertilizantes.
“Quando protegemos uma, protegemos todas”
Sergio Chozas lembra também que tanto as três plantas que disputam o título de Planta do Ano 2022, como todas as outras típicas dos “barros de Beja”, poderão beneficiar de um aumento do conhecimento na sociedade portuguesa e da aplicação de medidas de conservação. “Quando protegemos uma, protegemos todas”, sublinha.
O objectivo é usar a alcachofra-rasteira, a linária-dos-olivais e a soagem-gigante como embaixadoras de muitas outras espécies que estão ligadas aos olivais tradicionais alentejanos e que dependem dessas e de outras plantas, como é o caso dos insectos polinizadores, explica por sua vez Susana Neves, professora destacada na área de educação ambiental da SPBotânica.
Esta chamada de atenção também se está a estender às escolas de todo o país, com um apelo a que professores e alunos se envolvam no processo de eleição da Planta do Ano e “fiquem a conhecer estas plantas únicas e especiais e que estão ameaçadas”.
Agora é a sua vez.
Fique a conhecer melhor a alcachofra-rasteira, a linária-dos-olivais e a soagem-gigante e vote na sua favorita, aqui. No portal Flora-On e no livro da Lista Vermelha das Plantas Vasculares de Portugal Continental, descubra também mais sobre estas e outras espécies botânicas.