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Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

UNESCO vai estudar vulnerabilidade das espécies marinhas às alterações climáticas

20.10.2021

A UNESCO apresentou ontem um projecto para perceber quão vulneráveis são as espécies marinhas, incluindo as ameaçadas, às alterações climáticas numa série de sítios marinhos classificados como Património Mundial.

O projecto eDNA Expeditions, de 2022 a 2023, vai utilizar análises genéticas, através da tecnologia eDNA – que implica a recolha e análise de amostras do ambiente (solo, água e ar) em vez de um organismo individual -, para saber mais sobre a riqueza da biodiversidade naqueles sítios que fazem parte da rede da UNESCO.

De meados de 2022 ao início de 2023, equipas de cientistas e cidadãos locais vão fazer expedições para recolher material genético de peixes naqueles sítios. O objectivo é detectar peixes e outras espécies classificadas como ameaçadas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) através de uma ferramenta de metabarcoding (funciona como um código de barras de DNA (ou RNA) que permite a identificação simultânea de muitas espécies dentro da mesma amostra).

O projecto deverá durar dois anos e “vai ajudar a medir a vulnerabilidade da biodiversidade marinha às alterações climáticas nos sítios marinhos Património Mundial”, segundo um comunicado da UNESCO.

Lançado no início da Década das Nações Unidas para a Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), o projecto quer ajudar a compreender tendências globais e a informar os esforços para proteger os ecossistemas marinhos e garantir que as gerações futuras possam continuar a usufruir dos seus serviços.

“Os sítios marinhos Património Mundial têm um papel crucial na protecção dos ecossistemas marinhos de valor excepcional e dão oportunidades para as pessoas apreciarem e preservarem ambientes marinhos”, comentou Ernesto Ottone, vice-director-geral para a Cultura da UNESCO. “As alterações climáticas estão a afectar o comportamento e a distribuição da vida subaquática e precisamos compreender o que está a acontecer, de forma a podermos adaptar os nossos esforços de conservação às novas condições.”

Todos os dados recolhidos neste projecto serão processados e publicados pelo OBIS (Ocean Biodiversity Information System), plataforma que reúne dados sobre a distribuição e diversidade das espécies marinhas.

O projecto é implementado pela Comissão Intergovernamental Oceanográfica da UNESCO e pelo Centro para o Património Mundial, com o apoio do governo da Flandres (Bélgica).

O primeiro sítio marinho da UNESCO, a Grande Barreira de Coral (Austrália) foi integrado na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1981. Hoje, esta lista tem uma rede de 50 sítios marinhos em 37 países.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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