Apaixonados por natureza: Nuno Luís, o fotógrafo que se dedica às cegonhas da Costa Vicentina

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Apaixonado por fotografia de natureza, este consultor de Sistemas de Informação de 47 anos, acompanha há três anos as cegonhas-brancas que fazem ninho nas escarpas da Costa Vicentina. A cada visita, a natureza desvenda-lhe sempre algo que o surpreende.

A linha costeira entre o Cabo Sardão e Sagres não é conhecida apenas pela sua beleza. Há outro motivo de “peregrinação”, em especial para quem gosta de aves: o fenómeno especial e único das cegonhas-brancas que nidificam naquelas escarpas viradas para o oceano Atlântico.

É ali que Nuno Luís satisfaz a sua necessidade de estar perto do mundo natural.

Nuno Luís. Foto: D.R.

Há cerca de três anos começou a acompanhar aquelas aves tão especiais, através da fotografia de natureza.

“Sempre fui apaixonado por fotografia, especialmente de natureza, e esta aventura começou de forma mais séria a partir de 2003, altura em que adquiri a minha primeira câmara fotográfica digital (DSLR)”, contou à Wilder este consultor de Sistemas de Informação, a residir na Costa da Caparica.

O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina sempre exerceu um “tremendo fascínio” sobre Nuno Luís. É, por isso, um visitante assíduo desta área protegida.

“O parque natural é como uma mistura agridoce, onde locais de extrema beleza e de fácil acesso se fundem com zonas selvagens e onde o acesso muitas vezes coloca a nossa coragem à prova.”

Ano após ano, Nuno embarca “na busca incessante de querer desvendar sempre um pouco mais do que esta zona costeira tem para oferecer e surpreender”.

Cedo a cegonha-branca captou a sua atenção, em especial entre Fevereiro e Junho. É nessa época do ano que muitos dos penhascos daquela linha costeira estão salpicados de ninhos com estas aves tão elegantes, de um branco que contrasta com as cores do mar e das escarpas.

Fotografar estas aves foi um projecto que começou há cerca de três anos.

Nuno pretende “documentar todo este ritual anual que começa com a recuperação do ninho usado no ano anterior, passando pelos rituais de acasalamento e que passadas algumas semanas tem como resultado os ninhos pejados de vários ovos. Após o nascimento dos pequenos cegonhos é fascinante ver o seu crescimento e a luta constante dos progenitores em garantir o seu alimento assim como a sua proteção de predadores naturais que pairam pelas redondezas, como o falcão peregrino”.

Do ponto de vista fotográfico, Nuno começou por “registar algumas imagens de forma arbitrária”. Nessa fase, o seu objetivo era “registar a cegonha-branca em paisagens mais dramáticas, onde muitas vezes constroem o seu ninho”, explica.

Nos últimos dois anos, o fotógrafo começou a procurar uma “narrativa, um fio condutor do que, ano após ano, acontece nas falésias escarpadas que abruptamente se precipitam sobre o Atlântico”. Foi este fio condutor que “permitiu ver o crescimento dos pequenos cegonhos assim como fotografar os ninhos com momentos de luz diferenciados”.


DESCUBRA MAIS.

Descubra mais aqui sobre o trabalho de Nuno Luís.

Saiba mais sobre as cegonhas-brancas da Costa Vicentina no documentário estreado em Agosto, da autoria de Luís Quinta e de Ricardo Guerreiro.

Descubra aqui porque estão a aumentar tanto as cegonhas-brancas em Portugal.

Fique a par de cinco curiosidades sobre a migração das cegonhas-brancas.


A secção “Seja um Naturalista” é patrocinada pelo Festival Birdwatching Sagres. Saiba mais aqui o que pode ver e fazer neste evento dedicado às aves.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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