O censo feito pela Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), referente à época reprodutora de 2019, revelou um “declínio alarmante” destas aves características de zonas agrícolas.
De acordo com este censo, feito pela SEO/Birdlife em colaboração com as comunidades autonómicas, em Espanha existem 7.656 cortiçóis-de-barriga-branca (Pterocles alchata) – menos 19% do que no último censo de 2005 (com 9.477 indivíduos) – e 7.000 cortiçóis-de-barriga-preta (Pterocles orientalis), quando em 2005 eram 10.500.
Em Portugal, o cortiçol-de-barriga-branca está classificado como Criticamente Em Perigo de extinção, sendo uma espécie muito rara. Segundo o portal Aves de Portugal, “deverá nidificar em números muito reduzidos na Beira Baixa”; no passado terá nidificado no Alentejo e em Trás-os-Montes. O cortiçol-de-barriga-preta é uma ave Em Perigo de extinção e uma espécie cada vez mais rara. Terá “uma população de escassas centenas de indivíduos, que se distribui pelo interior do Alentejo e da Beira Baixa”.
Segundo este censo da SEO/Birdlife, a população espanhola de cortiçol-de-barriga-branca é de 7.656 indivíduos, a maioria na comunidade de Castela-La Mancha. A sua área de ocupação contraiu-se em 27% em relação ao censo de 2005.
A população total de cortiçol-de-barriga-preta está estimada em 6.927, números de 2019, com a maior população nas Canárias (31,8%, correspondendo a 2.205 indivíduos). Entre 2005 e 2019, a população desta ave diminuiu 34%; os núcleos mais estáveis são os da Andaluzia e Múrcia.
“Com base no tamanho da população actual e a evolução registada entre os censos disponíveis, e segundo os critérios internacionais da UICN (União Internacional da Conservação da Natureza), o estado de conservação do cortiçol-de-barriga-preta deve manter-se na categoria de Vulnerável nas Canárias, mas catalogar-se como Em Perigo na Península, pelo que se deveria alterar a sua categoria no Catálogo Espanhol de Espécies Ameaçadas e passar a Em Perigo de extinção”, comentou Juan Carlos del Moral, coordenador do último censo de cortiçóis da SEO/Birdlife.
Segundo a SEO/Birdlife, as causas do declínio destas espécies passam pela diminuição significativa da superfície e das áreas das quais dependem – como os pousios e os terrenos baldios -, pela eliminação de sebes e outros elementos da paisagem, pela uniformização dos cultivos, a supressão da rotação de culturas e pelo uso generalizado de herbicidas e insecticidas “que privam as aves do seu sustento”.
Além disso, “em grandes áreas muito importantes para as espécies, até o próprio cultivo de cereais foi substituído por olivais, amendoais e outros cultivos lenhosos”, explica a SEO/Birdlife. “O abandono da criação de gado extensiva e, mais recentemente, a expansão de projectos fotovoltaicos, eólicos e de enormes explorações de porcos em zonas de interesse para as espécies também são ameaças para a sua conservação.”