Milhares de animais morrem todos os anos em redes, anzóis e outros apetrechos de pesca perdidos, que ficam à deriva no mar. Há um projecto em curso para travar esta pesca fantasma na Madeira, Açores e Canárias.
No Dia Mundial dos Oceanos, que se celebra a 8 de Junho, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alerta para o perigo da pesca fantasma e dá a conhecer o projeto OceanLit, no terreno até 2022.
“Recentemente, encontrámos uma cagarra pendurada numa linha elétrica por um fio de pesca!”, contou, em comunicado, Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira. “Supomos que o fio de pesca estivesse abandonado no mar e tenha ficado enrolado na ave. Ao voar para o seu ninho, a ave traria o fio pendurado e terá ficado presa à linha elétrica, numa armadilha letal.”
Este é “um exemplo insólito, que trouxe para perto das pessoas uma realidade que normalmente passa despercebida, no mar alto, mas que não deixa por isso de ser preocupante.”
As linhas, redes e anzóis perdidos e deixados à deriva no mar transformam-se em armadilhas para aves, tartarugas marinhas e outros animais que nelas ficam feridos ou presos, acabando muitas vezes por morrer. “Esta pesca fantasma é uma parte significativa do lixo marinho que todos os anos mata cerca de um milhão e meio de animais nos oceanos de todo o mundo”, escreve a SPEA.
No âmbito do projeto Interreg OceanLit, a SPEA Madeira faz acções de sensibilização para pescadores e comunidades costeiras sobre a ameaça do lixo marinho, incentivando a que adoptem boas práticas de gestão de lixo, em terra e no mar.
Além disso, o projeto visa reduzir os resíduos no mar, promovendo a conservação e recuperação dos espaços naturais protegidos costeiros e marinhos. Procura “melhorar a gestão de resíduos, potenciando o envolvimento de profissionais, utilizadores e administrações nas áreas costeiras” e “melhorar as soluções para reduzir os resíduos”.
Este projeto de conservação da natureza é coordenado pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (ULPGC) e tem parceiros em Espanha, nos Açores e na Madeira.
Na Madeira os parceiros são a Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, a Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira, S.A., a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação e a SPEA Madeira. O projeto teve início em 2019 e terminará em 2022.