Cantinho dos polinizadores. Foto: Diana Martins

Jardim de Infância em Leiria criou um pequeno santuário para polinizadores

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No Jardim de Infância de Barreiros, em Leiria, há um santuário para polinizadores, com um hotel para insectos e as suas flores preferidas. Nesta escola, os alunos já não abrem mão da convivência com estes animais tão especiais.

Pode dizer-se que o Jardim de Infância de Barreiros, que pertence ao Agrupamento de Escolas de Marrazes (AEM), é uma escola amiga dos polinizadores.

“O espaço exterior do Jardim de Infância é bastante grande, com áreas cobertas por relva, canteiros e árvores”, explicou à Wilder a educadora Diana Martins. “A zona circundante é rural e está próximo de algumas florestas. Com muita frequência aparecem pequenos animais selvagens, como esquilos ou ouriços caixeiros, e também muitos insetos: abelhas, abelhões, vespas, escaravelhos, borboletas, gafanhotos, louva-deus, formigas…”

Cantinho dos polinizadores. Foto: Diana Martins

Em Outubro de 2020, o Jardim de Infância candidatou-se ao Projecto da Ciência Viva “Desafio, Polinizadores em Ação”. Mas por causa do confinamento e do ensino à distância, a maioria das actividades só começaram em Março deste ano.

Segundo Diana Martins, a decisão de participar neste projecto para ajudar os insectos polinizadores foi natural. “Procurando ir ao encontro dos objetivos do Projeto Educativo do AEM, constatei que o grupo revelava muita curiosidade e vontade em aprender novos conceitos sobre o ambiente e sobre a natureza.”

Foto: Diana Martins

E muito trabalho já tem sido feito pelos seus 20 alunos, dos 3 aos 6 anos, para transformar este Jardim de Infância num local amigo da vida selvagem.

“No exterior foi criado o cantinho dos Insetos Polinizadores, onde foi colocado um hotel para insetos e foram plantadas várias flores e plantas, oferecidas pela Câmara Municipal de Leiria (Horto Municipal). Penso que cuidar, diariamente, deste cantinho, fazer jardinagem, plantar novas flores e saber se temos visitantes no hotel de insetos, será a atividade preferida das crianças”, contou a responsável.

Foto: Diana Martins

Mas há mais acções, abrangendo todas as áreas curriculares da educação pré escolar.

“É feita observação de alguns protótipos de insetos, utilizando lupas, e são feitos registos escritos e preenchimento de tabelas, onde as crianças registam o número de antenas, patas, se os insetos têm ou não têm asas…”.

Outras actividades incluem fazer fósseis de insetos, desenhos e pinturas, “conversas e diálogos de sensibilização, observação de imagens de livros, pesquisas de Internet, leitura de artigos da “Wilder”, atividades de campo, em que as crianças observam diretamente as abelhas e abelhões a recolher pólen ou formigueiros”, acrescentou Diana Martins.  

Para esta educadora, “este projeto tem sido muito importante na aquisição de competências essenciais da educação pré escolar. É nesta fase que as crianças adquirem conhecimentos e fazem aprendizagens que podem ficar para toda a vida! As crianças brincando, aprendem tudo sobre o mundo que as rodeia e é no jardim de infância que se inicia este processo de descoberta e entusiasmo”.

Diana Martins nota alterações nas crianças desde o início deste projecto dedicado aos polinizadores. “O desenvolvimento deste projeto tem marcado muito as crianças! Elas já percebem que podem ter um  papel fundamental na preservação da natureza. Espontaneamente observam e contemplam insetos e flores, tendo o cuidado de não fazer mal, nem destruir.”

E algumas vão mais longe. “Quando vai um jardineiro cortar a relva (Junta de Freguesia), alertam e avisam o adulto, para o facto de ser necessário deixar uma parte do campo intacta, com as flores campestres, para os insetos polinizadores. E levam para  suas casas estas aprendizagens e sensibilizam as famílias para a importância dos insetos polinizadores.”

Hoje, as crianças “têm a percepção de que os polinizadores são muito importantes para a vida do planeta”, explicou Diana Martins.

“Aprenderam que são eles que trazem o pólen que se espalha na terra e que, por isso, nascem flores e plantas, que são o alimento de muitos animais e das pessoas.”

Para estes meninos, as abelhas que sobrevoam as flores do seu Jardim de Infância são verdadeiros “super-heróis da polinização”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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