Depois de mais de 4.700 cidadãos terem pedido, esta quarta-feira os deputados da Assembleia da República vão debater a proibição do fabrico, posse e venda de armadilhas que matam anualmente até 180.000 aves selvagens.
A petição pública #ArmadilhasNÃO, lançada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), pede uma lei mais eficaz para combater a captura ilegal de aves, evitar a morte de 40 a 180.000 aves por ano e proteger a saúde dos nossos campos.
“Esta quarta-feira, os deputados têm uma oportunidade para melhorar a lei, para que não seja preciso esperar até as aves serem mortas ou capturadas para responsabilizar os culpados”, disse, em comunicado enviado à Wilder Joaquim Teodósio, coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA.
“Esperamos que correspondam à vontade dos muitos cidadãos que assinaram a nossa petição, ponham de parte diferenças partidárias, e se unam para proibir de vez estas armadilhas.”
Um total de 283.000 aves selvagens foram capturadas em Portugal entre 2011 e 2017 para serem vendidas como animais de companhia ou consumidas como petisco, segundo a SPEA. Isto apesar de estarem protegidas pela lei nacional e europeia há 20 anos.
Estes crimes passam geralmente impunes por serem difíceis de detetar e investigar, em parte porque embora seja ilegal capturar ou caçar estas aves, os meios usados para estas capturas não são atualmente proibidos.
Estes meios, como as armadilhas de mola (também conhecidas por costelos ou esparrelas), as redes e o visgo, apanham indiscriminadamente qualquer ave que neles caia, pondo em risco não só as aves mas também o equilíbrio dos ecossistemas.
“As aves controlam pragas, são cruciais para manter a saúde dos nossos campos”, sublinhou Joaquim Teodósio. “Mas para manter estas aves a salvo, não chega proibir que sejam capturadas: é necessário proibir também os meios que permitem capturá-las. Quem tem armadilhas, é porque as vai usar.”