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Incêndios na Austrália vencem o Wildlife Photographer of the Year People’s Choice

10.02.2021

A fotografia de Robert Irwin, captada com um drone, dos incêndios que assolaram a Austrália venceu a escolha do público dos prémios Wildlife Photographer of the Year, foi hoje revelado.

A imagem “Bushfire”, pelo fotógrafo de natureza australiano Robert Irwin, foi a grande vencedora, com 55.486 votos vindos de todo o mundo.

“Bushfire”, por Robert Irwin/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award

Depois de detectar fumo no horizonte, Robert, filho do conservacionista Steve Irwin, soube que tinha ali uma oportunidade. Lançou o seu drone em direcção ao incêndio. Com apenas alguns minutos de bateria, sabia que tinha de agir depressa.

Conseguiu um frame com uma área de conservação prístina de um lado e a devastação depois do incêndio do outro. A fotografia foi captada perto da Reserva de Vida Selvagem Steve Irwin, em Cabo York, Queensland, uma zona e grande valor para a biodiversidade, que alberga mais de 30 ecossistemas diferentes e muitas espécies ameaçadas.

“Estou incrivelmente feliz por ser o vencedor dos prémios Wildlife Photographer of The Year People’s Choice”, comentou Robert Irwin. “Para mim, a fotografia de natureza é contar uma história que faça a diferença para o ambiente e para o nosso planeta. Sinto que é particularmente especial esta imagem ter sido escolhida não apenas como uma profunda honra pessoal mas também por nos lembrar do nosso efeito no mundo natural e da nossa responsabilidade em cuidar dele”, acrescentou.

Para Doug Gurr, director do Museu de História Natural de Londres, a fotografia de Robert Irwin é “simbólica”. “No ano passado, o mundo assistiu incrédulo aos incêndios devastadores que varreram muitas regiões da Austrália e esta fotografia mostra apenas um exemplo da impressionante perda de biodiversidade causada pelos impactos das alterações climáticas, perda de habitats e poluição.”

Mas, na opinião de Doug Gurr, ainda não é demasiado tarde para fazermos algo. “Espero que aqueles que virem esta imagem queiram saber mais sobre os problemas do nosso mundo natural e que façam alguma coisa no seu dia-a-dia, quer seja mudar a dieta alimentar ou os planos de viagem ou participar num grupo local de voluntários para ajudar a vida selvagem.”

A fotografia de Robert Irwin foi seleccionada de entre 25 fotografias nomeadas, escolhidas pelo Museu de História Natural de Londres de entre mais de 49.000 imagens submetidas a concurso.

Outras quatro imagens foram escolhidas e receberam Menções Honrosas.

“The last goodbye”, por Ami Vitale/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award
“Hare ball”, por Andy Parkinson/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award
“Close encounter”, por Guillermo Esteves/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award
“Drey dreaming”, por Neil Anderson/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award

As cinco fotografias estarão expostas naquele Museu quando este reabrir.


Saiba mais.

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto. O grande objectivo é inspirar as pessoas para apreciarem e conservarem o mundo natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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