abutre em voo
Abutre-preto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Há 17 crias de abutre-preto no Tejo Internacional

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Criticamente Em Perigo e confinado a três núcleos reprodutores em Portugal, o abutre-preto continua a dar provas do seu regresso. Este ano no Tejo Internacional nasceram, e sobreviveram, 17 crias.

Nesta época reprodutora foram confirmados 24 casais na área do Tejo Internacional, dos quais 23 reprodutores. “Registaram-se 17 crias vivas e seis crias mortas, uma das quais por derrocada”, segundo um comunicado divulgado hoje pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O abutre-preto (Aegypius monachus), classificado como Criticamente em Perigo em Portugal, é uma espécie residente no Parque Natural do Tejo Internacional.

Hoje, o Tejo Internacional é um dos três núcleos reprodutores da maior ave de rapina da Europa em Portugal, juntamente com o Baixo Alentejo e o Douro Internacional, mas durante 40 anos não nasceram crias de abutre-preto no país, desde a década de 70.

Só no final de Julho de 2010 é que se registaram duas crias, ambas no Tejo Internacional, e desde então o regresso desta espécie Criticamente em Perigo tem sido acompanhado e incentivado por várias instituições. Em 2018, nidificaram 24 casais em Portugal e sobreviveram 10 crias.

Este é um esforço conservacionista que reúne várias entidades e várias iniciativas. A zona do Tejo Internacional é uma das regiões onde decorrem estas acções para trazer de volta esta emblemática espécie.

ICNF, Fundo Ambiental e POSEUR financiam vários projectos em curso, num total de cerca de 45.000 euros, tais como o restauro de habitats de nidificação com instalação de plataformas artificiais para ninhos; reabilitação de campos de alimentação e instalação de novos e ainda colocação de marcas e emissores GPS-GSM para seguimento e monitorização dos juvenis nascidos no Parque Natural do Tejo Internacional.

O projecto “Compatibilizar a Gestão Cinegética com a Conservação da Natureza no PNTI”, com investimento de 98.200 euros (Fundo Ambiental), no âmbito do Projeto Piloto para a Gestão Colaborativa do PNTI, permitiu a criação do Sistema de Alimentação de Aves Necrófagas do Tejo Internacional (SAANTI). 

Além de técnicos e Vigilantes da Natureza do ICNF e da equipa de Alfonso Godino, o Projeto de Restauro e Prevenção Estrutural do PNTI, conta também com a equipa CNAF 36 PNTI.

“O ICNF e a Quercus estão a organizar a recolha de animais mortos em explorações pecuárias e de subprodutos da exploração cinegética, em colaboração com a OVIBEIRA e com entidades gestoras de zonas de caça, que contempla também a colocação de plataformas e de marcação de juvenis voadores, financiado pelo POSEUR”, recorda o ICNF.

A monitorização destas aves tem vindo a ser reforçada desde 2018, com a marcação de juvenis voadores – colocação de emissores GPS/GSM e anilhas metálicas CEMPA – e a recolha de amostras biológicas de sangue e penas, para identificação de sexo e despiste de presença de metais pesados e produtos veterinários, no âmbito de um outro projeto mais amplo com o patrocínio da Endesa S.A. (Espanha), e da Hawk Mountain Sanctuary Association (EUA), com a participação da Facultad de Veterinaria da Universidad de Murcia e da Junta de Andaluzia (Espanha).

“Estas ações, alinhadas com o Plano Nacional para a Conservação das Aves Necrófagas, visam melhorar a produtividade da população de abutre-preto e fixar novos casais nidificantes, com a mitigação dos efeitos da diminuição do alimento disponível, resultado do abandono de práticas agropecuárias tradicionais, e a redução da mortalidade por envenenamento.


Descubra por que o abutre-preto está Criticamente Em Perigo no nosso país, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.


Agora é a sua vez.

Eduardo Santos, da LPN, e Gonçalo Elias, do portal Aves de Portugal, dão-lhe as dicas que o vão ajudar a observar abutres-pretos. Leia tudo aqui.


Já que está aqui…

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Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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