Criticamente Em Perigo e confinado a três núcleos reprodutores em Portugal, o abutre-preto continua a dar provas do seu regresso. Este ano no Tejo Internacional nasceram, e sobreviveram, 17 crias.
Nesta época reprodutora foram confirmados 24 casais na área do Tejo Internacional, dos quais 23 reprodutores. “Registaram-se 17 crias vivas e seis crias mortas, uma das quais por derrocada”, segundo um comunicado divulgado hoje pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O abutre-preto (Aegypius monachus), classificado como Criticamente em Perigo em Portugal, é uma espécie residente no Parque Natural do Tejo Internacional.
Hoje, o Tejo Internacional é um dos três núcleos reprodutores da maior ave de rapina da Europa em Portugal, juntamente com o Baixo Alentejo e o Douro Internacional, mas durante 40 anos não nasceram crias de abutre-preto no país, desde a década de 70.
Só no final de Julho de 2010 é que se registaram duas crias, ambas no Tejo Internacional, e desde então o regresso desta espécie Criticamente em Perigo tem sido acompanhado e incentivado por várias instituições. Em 2018, nidificaram 24 casais em Portugal e sobreviveram 10 crias.
Este é um esforço conservacionista que reúne várias entidades e várias iniciativas. A zona do Tejo Internacional é uma das regiões onde decorrem estas acções para trazer de volta esta emblemática espécie.
ICNF, Fundo Ambiental e POSEUR financiam vários projectos em curso, num total de cerca de 45.000 euros, tais como o restauro de habitats de nidificação com instalação de plataformas artificiais para ninhos; reabilitação de campos de alimentação e instalação de novos e ainda colocação de marcas e emissores GPS-GSM para seguimento e monitorização dos juvenis nascidos no Parque Natural do Tejo Internacional.
O projecto “Compatibilizar a Gestão Cinegética com a Conservação da Natureza no PNTI”, com investimento de 98.200 euros (Fundo Ambiental), no âmbito do Projeto Piloto para a Gestão Colaborativa do PNTI, permitiu a criação do Sistema de Alimentação de Aves Necrófagas do Tejo Internacional (SAANTI).
Além de técnicos e Vigilantes da Natureza do ICNF e da equipa de Alfonso Godino, o Projeto de Restauro e Prevenção Estrutural do PNTI, conta também com a equipa CNAF 36 PNTI.
“O ICNF e a Quercus estão a organizar a recolha de animais mortos em explorações pecuárias e de subprodutos da exploração cinegética, em colaboração com a OVIBEIRA e com entidades gestoras de zonas de caça, que contempla também a colocação de plataformas e de marcação de juvenis voadores, financiado pelo POSEUR”, recorda o ICNF.
A monitorização destas aves tem vindo a ser reforçada desde 2018, com a marcação de juvenis voadores – colocação de emissores GPS/GSM e anilhas metálicas CEMPA – e a recolha de amostras biológicas de sangue e penas, para identificação de sexo e despiste de presença de metais pesados e produtos veterinários, no âmbito de um outro projeto mais amplo com o patrocínio da Endesa S.A. (Espanha), e da Hawk Mountain Sanctuary Association (EUA), com a participação da Facultad de Veterinaria da Universidad de Murcia e da Junta de Andaluzia (Espanha).
“Estas ações, alinhadas com o Plano Nacional para a Conservação das Aves Necrófagas, visam melhorar a produtividade da população de abutre-preto e fixar novos casais nidificantes, com a mitigação dos efeitos da diminuição do alimento disponível, resultado do abandono de práticas agropecuárias tradicionais, e a redução da mortalidade por envenenamento.“
Descubra por que o abutre-preto está Criticamente Em Perigo no nosso país, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
Agora é a sua vez.
Eduardo Santos, da LPN, e Gonçalo Elias, do portal Aves de Portugal, dão-lhe as dicas que o vão ajudar a observar abutres-pretos. Leia tudo aqui.
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