Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

População mundial de lince-ibérico sobe para 894

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A população de lince-ibérico (Lynx pardinus) subiu em 2019 para 894 animais, segundo o censo dedicado à espécie. Desses, 107 vivem no Vale do Guadiana, a região com a maior taxa de produtividade da Península Ibérica.

Dos 107 linces que vivem hoje no Vale do Guadiana, 61 são adultos ou sub-adultos com mais de um ano e 46 são crias nascidas na Primavera de 2019, avança hoje um comunicado do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Nesta região de Portugal existem 27 fêmeas referenciadas, sendo que 13 destas deram à luz em 2019.

A população do Vale do Guadiana começou a ser criada em 2015, no âmbito do projeto ibérico LIFE+Iberlince.

A 5 de Maio de 2016, o ICNF confirmava a primeira ninhada a nascer na natureza em Portugal, no Vale do Guadiana, mais concretamente na Herdade das Romeiras. “Foi fotografada uma cria de cerca de 45 dias acompanhando a sua progenitora, Jacarandá, a primeira fêmea a ser solta em Portugal no dia 16 de Dezembro de 2014″, segundo o ICNF.

Em 2019, das 13 ninhadas referenciadas, três tiveram cinco crias cada uma, quando anteriormente o máximo registado foi de quatro crias por ninhada. Assim, “a taxa de nascimentos (taxa de produtividade) verificada no Vale do Guadiana é a mais elevada na península”, salienta o ICNF.

Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

A produtividade (crias nascidas/fêmeas territoriais) de Portugal foi de 3,5, enquanto que em Espanha foi de 1,5.

A explicação poderá ser a “abundância de alimento, disponibilidade e adequabilidade de habitat e tranquilidade proporcionada pelos proprietários e gestores do território e de aceitação pela população residente”.

Durante o ano de 2019, a área ocupada ou utilizada pelos linces aumentou significativamente, tendo ultrapassado os 300 quilómetros quadrados, agrupados em quatro núcleos que se distribuem pelos territórios de Serpa, Mértola, Castro Verde e Alcoutim.

Estes dados sobre a população de lince-ibérico em Portugal existem graças ao trabalho de monitorização realizado pelos elementos do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo, do ICNF, com recurso a técnicas de seguimento e deteção por telemetria e através de foto-armadilhagem.

Em Espanha existem 476 linces maduros e imaturos contabilizados e um total de 265 crias nascidas em 2019, de 175 fêmeas reprodutoras.

Andaluzia é a região espanhola com mais linces, com 456 animais (dos quais 122 crias de 2019), logo seguida de Castela-La Mancha (190 animais, dos quais 106 crias) e da Extremadura (95 animais, dos quais 37 crias).

Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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