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Tartaruga-comum (Caretta caretta). Foto: Frank Vincentz/Wiki Commons

Vigilantes da natureza salvaram tartaruga no mar da Madeira

02.06.2020

Uma tartaruga-boba foi encontrada ao largo das Ilhas Desertas, no arquipélago da Madeira, enredada em artes de pesca que poderiam ter levado à sua morte. Foi resgatada a tempo.

 

Esta tartaruga-boba (Caretta caretta) foi recolhida do mar na última sexta-feira por uma equipa de vigilantes da Natureza que está em serviço na Reserva Natural das Ilhas Desertas, “aprisionada num monte de cabos”, explica uma nota publicada no Facebook pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), da Região Autónoma da Madeira.

 

Foto: IFCN/RAM

 

“Felizmente este episódio acabou bem, pois a equipa retirou todas as redes e cabos envoltos no réptil marinho e após verificar que a tartaruga aparentava estar bem e sem ferimentos, libertou-a no mar, a leste da Deserta Grande”, acrescenta o IFCN.

 

Foto: IFCN/RAM

 

As tartarugas-bobas que ocorrem nos mares da Madeira nascem na costa do continente americano. Ainda recém-nascidas, seguem a corrente do Golfo e chegam ao arquipélago, onde passam a sua fase juvenil. Alimentam-se principalmente de medusas, pelo que os sacos de plástico no mar são um grande perigo de afogamento para esta espécie, explica um documento publicado pelo Governo Regional.

Outro perigo para estes répteis são os equipamentos de pesca abandonados ilegalmente no mar que podem resultar em “pesca fantasma” – o que teria acontecido a esta tartaruga se não fosse encontrada pelos vigilantes da Natureza.

 

Ameaças para a vida marinha mundial

Os equipamentos de pesca abandonados são a maior fonte de poluição por plásticos nos oceanos e afectam a vida marinha por todo o planeta, alertou no final de 2019 um relatório da Greenpeace intitulado “Redes fantasmas: o abandono de redes de pesca que perseguem os nossos oceanos”. Todos os anos, mais de 640.000 toneladas de redes, linhas e armadilhas usadas na pesca comercial são despejadas e descartadas nos oceanos, o que equivale ao peso de 50.000 autocarros de dois andares.

O relatório alerta que “as redes e linhas de pesca são uma ameaça à vida selvagem durante anos ou décadas, afectando tudo, desde pequenos peixes e crustáceos a tartarugas de espécies ameaçadas, aves marinhas e até mesmo baleias”.

Por outro lado, a própria actividade de pesca ameaça também as tartarugas-bobas devido às capturas acidentais. Sabe-se que estes répteis estão entre as espécies marinhas do arquipélago que mais interagem com as artes de pesca, desde logo durante a faina.

Outros animais ameaçados são as focas-monge (também conhecidas por lobos-marinhos), os golfinhos-comuns, os golfinhos roazes e muitas aves marinhas, incluindo a cagarra, a freira-da-madeira e a freira-do-bugio.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde os resultados de um estudo científico, que concluiu em 2015 que as artes de pesca são a maior parte do lixo encontrado no Banco de Gorringe, área marinha protegida no sul de Portugal.

E descubra o que faz uma bióloga num barco de pesca.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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