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Colocação de sensores em Casablanca, Marrocos.

Projecto recebe 300.000 euros para medir temperatura e biodiversidade em zonas costeiras

22.05.2020

O projecto desenvolvido por Rui Seabra, investigador do CIBIO-InBIO, da Universidade do Porto, ganhou a primeira edição do FLAD Science Award Atlantic.

 

Baptizado de CCTBON – North Atlantic Coupled Coastal Temperature and Biodiversity Observation Network, pretende criar uma rede de observação de temperatura e biodiversidade costeiras para recolher dados uniformizados a uma escala sem precedentes.

O objetivo é estudar os efeitos das alterações climáticas, explica em comunicado o CIBIO-InBIO. No total, vão ser monitorizadas 85 praias rochosas espalhadas por todo o Atlântico Norte, das Caraíbas à Gronelândia, ao longo das costas europeias, africanas e americanas, incluindo todas as ilhas oceânicas.

 

Mapa
Alguns dos locais que vão ser monitorizados no projecto

 

O FLAD Science Award Atlantic é gerido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e é considerado “o maior prémio de investigação com foco no Atlântico.” Destina-se exclusivamente a cientistas a trabalharem em Portugal, doutorados no máximo há cinco anos.

“As alterações climáticas representam, actualmente, uma das principais ameaças à biodiversidade, no entanto, os efeitos das variações de temperatura nos afloramentos rochosos das zonas costeiras de maré nem sempre são muito evidentes”, adianta o CIBIO-InBio.

“Em condições mais extremas de temperatura, as espécies gastam mais energia, necessitando de mais alimento. Desta forma, têm que se deslocar mais, entrando em competição com outros organismos. Normalmente as espécies que resistem são as que suportam temperaturas mais elevadas.”

No entanto, as respostas de diferentes organismos às alterações no meio ambiente, que se traduzem na competição por alimento e espaço, desenvolvem-se ao longo de várias décadas e numa grande escala, a dos oceanos.

 

 

Recolha de dados sobre a abundância de espécies de animais e algas na praia algarvia do Castelejo

 

A solução para perceber quais são as espécies que podem resistir melhor às alterações climáticas, e as que serão mais afectadas, passa pela criação “de uma rede de recolha de dados de temperatura e biodiversidade uniformizada e a uma grande escala temporal e espacial”, explica a mesma nota.

Até hoje, todos as tentativas de montar uma rede de monitorização com esse objectivo falharam, em especial devido a problemas técnicos e de organização.

 

Mais de 2.000 sensores de temperatura

A recolha dos dados vai realizar-se através de 2.000 sensores de temperatura desenhados propositadamente, que estão preparados para funcionar por mais de 10 anos. “Depois de colados no local correspondente, estes sensores ficam escondidos e protegidos, recolhendo dados horários de temperatura de forma autónoma durante mais de 15 meses.”

 

Colocação de sensores em Casablanca, Marrocos.

 

A equipa vai também recorrer a “inovadoras aplicações para smartphone e tablet”, para recolher dados de temperatura e biodiversidade de “forma simples, rápida e uniforme.”

 

Os novos sensores de temperatura incluem comunicação sem fios e recorrem a smartphones

 

À frente deste novo estudo vai estar uma equipa de cientistas portugueses, do CIBIO-InBIO, em colaboração com nove das principais equipas de investigadores a nível mundial que se dedicam hoje ao estudo da biodiversidade costeira no Atlântico Norte.

“Com este projecto será possível obter uma nova perspectiva sobre a forma como a temperatura molda a biodiversidade, permitindo a realização de estudos inovadores em ecologia e oceanografia costeira, detecção directa dos efeitos das alterações climáticas e a identificação de refúgios climáticos e de ‘hot-spots’ de biodiversidade com um detalhe e abrangência sem paralelo”, sublinha o laboratório de investigação ligado à Universidade do Porto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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