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Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Centro andaluz conseguiu sete crias de quebra-ossos em 2019

09.04.2019

O trabalho do Centro de Reprodução do Quebra-ossos em Cazorla (Andaluzia) pela recuperação deste abutre conseguiu sete crias nesta temporada reprodutora, nascidas entre Janeiro e Março, foi agora anunciado.

 

Actualmente, o centro tem seis casais reprodutores de quebra-ossos, cruciais para a missão de conseguir uma população autónoma e estável na Andaluzia. Estes casais puseram 13 ovos, dos quais nasceram e sobreviveram sete crias (entre 29 de Janeiro e 9 de Março), informa a Junta da Andaluzia em comunicado.

Ao nascer, as aves pesavam entre os 128,1 gramas e os 159,2 gramas.

O quebra-ossos (Gypaetus barbatus) é o abutre mais ameaçado da Europa, onde se estima que existam hoje pouco mais de 200 casais, 130 dos quais em Espanha. Em Portugal, a espécie está dada como extinta.

Além das crias nascidas no centro de Cazorla, a temporada reprodutora de 2019 ficou marcada também pela chegada de duas crias vindas do centro de Vallcalent (Lleida), que foram adoptadas com sucesso por casais de Cazorla.

Desde a sua criação, em 1996, o Centro de Cazorla já viu nascer um total de 93 crias de quebra-ossos, dos quais sobreviveram 83. O primeiro nasceu a 27 de Fevereiro de 2002 e o último a 9 de Março de 2019.

“A sua localização privilegiada em Nava de San Pedro, em pleno coração do Parque Natural das Serras de Cazorla, Segura e Villas a cerca de 1.300 metros de altitude, dá-lhe importantes vantagens sanitárias para garantir a conservação das linhas genéticas em cativeiro”, explica a Junta da Andaluzia.

O projecto de reintrodução do quebra-ossos na Andaluzia continua a dar passos para conseguir consolidar uma população andaluza selvagem e autónoma. Segundo a Junta da Andaluzia, a importância desta população do ponto de vista geográfico é muito importante, uma vez que pode funcionar como ponto de ligação com as populações pirenaica e africana.

Neste esforço conservacionista participam a Fundação para a Conservação dos Abutres, como coordenadora do programa europeu de reprodução de quebra-ossos, a Estação Biológica de Doñana, como assessora científica, e a Fundação Gypaetus, que executa o projecto, sob a direcção da Consejería de Agricultura, Ganadería, Pesca y Desarrollo Sostenible.

Na Europa, em 2018 foram reintroduzidas na natureza 13 crias de quebra-ossos, no âmbito de quatro projectos de conservação da espécie: Andaluzia, Córsega, Grands Causses/Massif Central e Alpes/Pré-Alpes. Em 2017 foram reintroduzidas 18 crias de quebra-ossos .

 

Já nasceu o primeiro quebra-ossos em liberdade de 2019

Paralelamente aos esforços de conservação em cativeiro, ex-situ, decorrem as acções em plena natureza, conservação in-situ.

Os técnicos da Junta de Andaluzia confirmaram o nascimento da primeira cria de quebra-ossos em estado selvagem. Os seus progenitores são Marchena e Hortelano, dois abutres libertados pelo programa de reintrodução da espécie em 2012 e 2010, respectivamente.

É a sexta cria nascida em liberdade desde que começou o projecto de reintrodução do quebra-ossos na Andaluzia.

Dos outros dois casais que realizaram postura nesta temporada – Tono e Blimunda e Encina e Sansón –  ainda não há confirmação de novidades.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o quebra-ossos:

Como é um quebra-ossos: esta é uma ave com quase três metros de envergadura de asa e até oito quilos de peso. A plumagem pode ser muito escura na sua fase juvenil e tornar-se mais clara com as sucessivas mudas. Mas talvez o que melhor a caracteriza são as barbas escuras perto do bico e o vermelho vivo em redor dos olhos.

Onde nidifica: nas saliências rochosas das grandes cadeias montanhosas.

O que significa o seu nome científico: em Latim, Gyp quer dizer abutre, aetus quer dizer águia e barbatus quer dizer com barba.

Alimenta-se de quê: esta ave é a única do planeta que se alimenta quase exclusivamente de ossos, principalmente de ungulados. Pode chegar a alimentar-se de ossos com 20 centímetros, que digere graças ao seu potente estômago. Quando não os consegue comer inteiros, agarra neles com as suas garras e lança-os de grandes alturas em zonas rochosas para os quebrar.

Quais as maiores populações de quebra-ossos na Europa: esta é uma espécie em perigo de extinção no Velho Continente. As maiores populações são as da cordilheira Pirenaica, da Córsega e Creta. A nível mundial, a União Internacional para a Conservação da Natureza classificou-a como Quase Ameaçada.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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