O retrato de dois macacos-dourados numa floresta montanhosa da China, pelo holandês Marsel van Oosten, é o grande vencedor do Wildlife Photographer of the Year 2018, foi revelado ontem à noite numa cerimónia no Museu de História Natural de Londres.
A fotografia “The Golden Couple” mostra dois macacos-dourados (Rhinopithecus roxellana) – um macho e uma fêmea – na floresta temperada das Montanhas Qinling, na China, o único habitat destes primatas ameaçados.
Marsel seguiu os macacos durante muitos dias para compreender a dinâmica dos animais e prever comportamentos. “Estou feliz por esta imagem em específico ter sido a escolhida porque é uma espécie ameaçada e que poucas pessoas sabem que existe”, contou o fotógrafo à BBC News. “É importante tomarmos consciência de que há muitas espécies neste planeta que estão ameaçadas.”
“E não são apenas rinocerontes, tigres ou ursos-polares. As outras espécies merecem muito mais atenção e toda a protecção que lhes podemos dar.”
Segundo a organização dos prémios, “a fotografia vencedora capta a beleza e a fragilidade da vida na Terra, e um vislumbre de alguns dos seres extraordinários com os quais partilhamos o nosso planeta”.
“Esta imagem é, de uma forma, tradicional – um retrato. Mas é um retrato admirável. E que animais tão mágicos”, comentou Roz Kidman Cox, presidente do júri. “Isto é um aviso simbólico da beleza da natureza e de quão empobrecidos estamos a ficar à medida que a natureza vai desaparecendo. É uma obra de arte merecedora de figurar em qualquer museu do mundo.”
Michael Dixon, director do Museu de História Natural de Londres, defende que a fotografia “lembra-nos do papel crucial que temos na protecção da natureza”.
Além do grande vencedor, o Wildlife Photographer of the Year distingue vencedores em outras categorias.
Skye Meaker, de 16 anos, venceu na categoria de Young Wildlife Photographer of the Year 2018 com “Lounging leopard”, um retrato encantador de um leopardo a acordar na Reserva de Caça Mashatu, no Botswana. Skye decidiu que iria ser fotógrafo de natureza quando lhe ofereceram a sua primeira câmara fotográfica aos sete anos.
“Com um timing e composição precisos, é-nos oferecido um vislumbre do mundo íntimo de um dos animais mais fotografados e, ainda assim, menos vistos verdadeiramente”, disse Alexander Badyaev, um dos membros do júri e vencedor da competição do ano passado.
As duas imagens foram selecionadas de 19 categorias que mostram a diversidade da vida na Terra, desde comportamentos raramente observados aos mundos subaquáticos longe dos nossos olhos.
No total, a 54ª edição dos prémios recebeu mais de 45.000 fotografias de 95 países.
Aqui ficam alguns dos outros vencedores:
“Dream duel”, por Michel d’Oultremont, Bélgica
Rising Star Portfolio Award
“Pipe owls”, por Arshdeep Singh, Índia
10 Years and Under
“Bed of seals”, por Cristobal Serrano, Espanha
Animals in their environment
“Mud-rolling-mud-dauber”, por Georgina Steytler, Austrália
Behaviour: Invertebrates
“Night flight”, por Michael Patrick O’Neill, Estados Unidos
Under Water
“Windsweep”, por Orlando Fernandez Miranda, Espanha
Earth’s Environments
“The sad clown”, por Joan de la Malla, Espanha
Wildlife Photojournalism
“Mother defender”, por Javier Aznar González de Rueda, Espanha
Wildlife Photographer Portfolio Award
A partir de 19 de Outubro, as fotografias de Marsel e de Skye juntam-se a outras 98 fotografias e estarão em exibição no Museu de História Natural de Londres, antes de partirem para vários países, entre os quais o Canadá, Espanha, Estados Unidos, Austrália e Alemanha.
Como novidade deste ano, o Wildlife Photographer of the Year atribuiu o prémio Carreira. O fotógrafo de natureza Frans Lanting foi distinguido pela sua contribuição para a conservação da natureza durante mais de 30 anos.
A próxima edição dos prémios está aberta de 22 de Outubro a 13 de Dezembro.