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Os mamíferos estão entre as espécies que despertam mais atenção, segundo o estudo. Foto: Raincarnation40 / Pixabay.com

Autoridades espanholas investigam morte de lobo-ibérico

07.02.2018

A Guardia Civil de Pontevedra (Galiza) está a investigar as causas da morte de um lobo-ibérico, encontrado baleado numa região do município de Cerdedo-Cotobade, foi hoje revelado.

 

O corpo do lobo foi descoberto na segunda-feira por membros da Associação para a Conservação e Estudo do Lobo Ibérico (ASCEL) na Sierra del Cando, perto da aldeia de Cima de Vila, noticiou a agência espanhola EFE. O caso está agora nas mãos do Serviço de Protecção da Natureza (Seprona) da Guardia Civil de Pontevedra.

De acordo com uma primeira avaliação, os peritos identificaram um orifício de entrada de bala e outro de saída perto do coração do animal. O lobo terá morrido no final da semana passada.

A ASCEL adiantou que o lobo encontrado morto é um animal com apenas oito meses de idade e que, depois de ter sido baleado, percorreu uns 300 metros antes de morrer.

Segundo a EFE, estas informações terão de ser confirmadas pelos resultados da necropsia, a realizar pela Consejeria de Ambiente da Junta da Galiza.

A associação não tem dúvidas. Este é um caso “grave”, uma vez que não é um incidente isolado naquela região. Ainda assim, a zona onde o lobo foi encontrado está dentro da Rede Natura 2000 – espaços protegidos a nível europeu. Por isso, pede uma maior vigilância para acabar com estes episódios de “caça ilegal”.

Actualmente Espanha terá entre 2.000 e 2.500 lobos-ibéricos (Canis lupus signatus). Mas a sua distribuição pelo território é desigual. As populações no Sul (Serra Morena, Serra da Gata e San Pedro) estão quase extintas e estão protegidas, enquanto que as do Norte (Galiza, Astúrias e Castela e Leão) estão a expandir-se, chegando a Madrid e Guadalajara. Aqui são animais cinegéticos.

Mas tanto a Norte como a Sul do rio Douro, os lobos estão a ser abatidos, com a justificação de diminuir os ataques ao gado.

Em Portugal, o mais recente censo nacional ao lobo-ibérico, de 2002/2003, identificou 63 alcateias (51 confirmadas e 12 prováveis) no Norte e Centro do país. A população foi, então, estimada entre 220 e 430 animais. Mais tarde, estudos compilados entre 2003 e 2014 deram conta da existência de 47 alcateias (41 confirmadas e seis prováveis).

Há quase 30 anos que esta é uma espécie protegida em Portugal, desde que a Lei nº90/88, de 13 de Agosto, estabeleceu pela primeira vez as bases para a protecção do lobo-ibérico. Em 2005 foi classificado com o estatuto de Em Perigo (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal).

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça aqui a história do lobo-ibérico e de outras quatro espécies que lutam pela sobrevivência em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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