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Camaleão fotografado no Algarve. Foto: Steven Fruitsmaak/Wiki Commons

O que procurar no Verão: camaleões no Algarve

02.08.2017

Neste Verão aproxime-se da vida selvagem em Portugal e descubra o que ver e onde procurar. Thijs Valkenburg, do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens na Ria Formosa, ajuda-nos a saber o que fazer para encontrar camaleões no Algarve.

 

Observar camaleões (Chamaeleo chamaeleon) é uma oportunidade especial e única. Actualmente, este pequeno réptil é uma espécie ameaçada de extinção que, em Portugal, está reduzido ao litoral do Sotavento do Algarve.

São vários os desafios à sobrevivência dos camaleões, desde a urbanização e pressão turística que destroem e fragmentam o seu habitat, em especial as dunas litorais e os pinhais costeiros, à conversão dos pomares tradicionais em monoculturas de citrinos, segundo o livro Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal.

Por isso, a primeira coisa a saber antes de partir à procura de camaleões é que estes animais não devem ser perturbados e que é ilegal manusear, capturar e mantê-los em cativeiro.

Aqui ficam algumas dicas de Thijs Valkenburg para expedições naturalistas bem sucedidas:

A melhor altura para observar camaleões:

É mais fácil procurar estes curiosos animais no Verão porque, com o aumento da temperatura, eles aumentam a sua actividade. Os camaleões que encontrar nesta época do ano estão à procura de parceiro para acasalamento ou do melhor local para escavar o ninho. Pode ser encontrar animais isolados ou aos pares.

Onde procurar:

A capacidade de se camuflarem perfeitamente no habitat onde estão inseridos torna a procura de camaleões um desafio enorme. Pode procurá-los numa grande diversidade de locais, como em árvores altas, arbustos de médio porte e vegetação das dunas, por exemplo.

A melhor altura do dia para os encontrar:

Esta é uma espécie com actividade diurna. No entanto é mais fácil encontrar camaleões durante a noite, quando estão a dormir, uma vez que perdem a capacidade de se camuflarem apresentando uma coloração verde claro. Quando for sair à noite leve uma lanterna forte para descobrir estes animais enquanto descansam. A aproximação deve ser feita com muito cuidado porque, assim que detectado, o camaleão desperta e começa a demonstrar de imediato comportamentos defensivos (camuflar-se, abrir a boca, bufar, arquear-se). Relembramos que os animais não devem ser manipulados principalmente por questões sanitárias, há muitas bactérias que podem ser transferidas da nossa pele para a pele dos animais e vice-versa. Em caso de stress extremo, o camaleão apresenta manchas pretas por todo o corpo, sendo esta obviamente uma situação a evitar.

Alguns dos melhores locais para ver camaleões:

Os melhores locais são a mata de Vila Real de Santo António, as zonas dunares ao longo de toda a Ria Formosa e outras zonas costeiras arenosas do sotavento algarvio, uma vez que dependem destes habitats para nidificarem.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez. O que fazer para ajudar os camaleões:

A par da captura ilegal e da destruição de habitat, a predação por cães e gatos é uma séria ameaça para esta espécie. A probabilidade de sobrevivência de um camaleão após um ferimento provocado por um animal de companhia é muito baixa, resultando a maior parte das vezes em infecções bacterianas letais.

Se encontrar um camaleão ferido ou doente recolha-o e encaminhe-o o mais rapidamente possível para o centro de recuperação de animais selvagens mais próximo. No Algarve deverá ser encaminhado para o RIAS (92.765.93.13). Pode contactar também o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR (SEPNA) através do número SOS Ambiente 808.200.520 ou os Vigilantes da Natureza da área protegida mais próxima. No Algarve pode contactar o ICNF em Olhão (289.700.210), Castro Marim (281.531.257) e Lagos (282.402.320).

Caso encontre um camaleão saudável num local inapropriado para esta espécie, como por exemplo a atravessar uma estrada, tente pegar nele com o auxílio de um pequeno pau ou ramo e colocá-lo num local seguro, afastado da estrada. Nestes casos em que o animal não está doente, não será necessário encaminhar o animal para o centro de recuperação.

Em caso de dúvidas contacte directamente o RIAS através do número 92.765.93.13.

 

[divider type=”thick”]Já viu algum camaleão? Envie-nos as suas fotografias ou conte-nos a sua experiência ([email protected]). Partilhe o seu Verão mais perto da vida selvagem na página dos Leitores na Wilder.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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