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Ingleses mapearam rota migratória com mais de 9.600 quilómetros desta rola-brava

16.05.2017

Investigadores da organização Royal Society for the Protection of Birds (RSPB) conseguiram mapear a rota migratória completa de uma rola-brava entre o Sudeste de Inglaterra e África. A ave viajou mais de 9.600 quilómetros e sobrevoou seis países.

 

A rola-brava (Streptopelia turtur) passou o Inverno em África e regressou a Inglaterra a 5 de Maio, a uma zona localizada a apenas três quilómetros do local onde a ave tinha sido encontrada no ano passado.

Estes dados “ajudam os cientistas a compreender a importância da fidelidade que esta espécie tem para com os seus territórios de reprodução”, explica a RSPB em comunicado.

Todos os Outonos, as rolas-bravas atravessam o Mar Mediterrâneo e o deserto do Saara para chegar aos seus locais de invernada em África. Na Primavera, regressam à Europa para se reproduzir.

No Verão passado, investigadores da RSPB colocaram um transmissor de satélite nesta rola-brava na cidade de Lawford, em Essex. Graças a esse dispositivo conseguiram saber que a ave saiu de Essex em Setembro e viajou mais de 9.600 quilómetros, sobrevoando (ou fazendo curtas paragens) em seis países: França, Espanha, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia e Mali.

 

 

O arrulhar da rola-brava marca o início desta estação mas, nos últimos anos, este som tem sido mais difícil de ouvir em Inglaterra e em outros países europeus, como Portugal. Segundo a RSPB, esta é uma das espécies que regista um declínio mais rápido em Inglaterra, especialmente desde os anos 1970.

“Estudos científicos têm-nos mostrado que a causa principal para o declínio da rola-brava no Reino Unido é a perda de alimento para as aves nas zonas rurais, devido às alterações na paisagem agrícola”, disse John Mallord, investigador científico na RSPB.

Está em curso a Operação Rola-Brava, uma parceria para reverter esse declínio no Reino Unido, estabelecida entre conservacionistas, agricultores e proprietários de terrenos. Estes disponibilizam habitat para a rola se reproduzir e alimentar no Sul e Sudeste do país, onde ainda nidificam. Além disso, desde 2012, a RSPB tem utilizado tecnologia de seguimento por satélite para saber mais sobre as pressões que esta ave enfrenta durante as migrações e nos seus locais de invernada.

A nível internacional, a rola-brava passou, em 2015, de espécie com estatuto Pouco Preocupante para Vulnerável pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Estima-se que, na última década, as suas populações tenham sofrido um decréscimo de cerca de 40%.

Em Portugal, os conservacionistas alertam que “está a desaparecer a um ritmo galopante”.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Pode seguir aqui as viagens migratórias desta e de outras rola-bravas.

Descubra aqui o que estes dois casais ingleses estão a fazer para ajudar a melhorar o habitat das rolas-bravas.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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